sábado, 22 de março de 2025

TALENTO E VOCAÇÃO Luiz Ferreira da Silva, 88 É muito comum atribuir-se a uma pessoa a alcunha de burro, tapado ou sem inteligência quando ela tem dificuldades em certa atividade, sobretudo escolar. Uns aprendem rápido, outros nem tanto, a matemática, por exemplo, não significando que estes sejam de segunda classe. Certamente, possui talento para outras matérias. Ou não corre atrás ou não tem vocação para desenvolvê-las. Na minha turma do Liceu Alagoano, Sátiro Marques não era bom aluno e nem se esforçava para sê-lo, abandonando os estudos. Tempos depois, no Aeroporto de Maceió, apreciei um lindo painel de vários metros, que encantava a todos. Procurei ler o nome do autor. Para minha surpresa, era o colega, que se tornou um artista reconhecido internacionalmente. Ele, simplesmente, foi buscar lá nos recantos genômicos, um talento escondido e, ao invés, de deixá-lo adormecido, deu vasão à sua vocação e cresceu com seu desprendimento e amor pela arte. Não adianta se achar inteligente e não ser ativo. Todos que vencem lutam pelas conquistas. Nada cai do céu. Como diziam os antigos: Deus ajuda a quem cedo madruga. Por outro lado, temos uma caixa cerebral, que não sei a cor, constituída de uma série de indicativos referentes à nossa capacidade produtiva. Uns com grau elevado, outros nem tanto, mais capazes de dar sentido a vida útil e prazerosa. Basta serem cutucados e ter perseverança. Cora coralina veio descobrir sua veia literária depois dos 70. É um bom exemplo dessa vocação hibernada. Paulinho da Viola se descobriu carpinteiro das horas vagas, associando ao seu dom maior, a música. Pensando nisso fui mexer nos meus neurônios e encontrei na escrita um meio salutar de “me empregar”, preenchendo o meu tempo de modo prazeroso. Sem o alto grau dos grandes literatas, mas com o desejo de ser útil e não ter os dias maçantes como muitos idosos, carentes de uma atividade que lhes der sentido à vida. Virei um “escrevinhador”, que me faz um bem danado e até possuo leitores que os apreciam. Assim, contando os livros técnicos, alguns advindos da minha formação profissional, já publique na fase pós-aposentadoria, uma coletânea de livros, abrangendo diversos temas. Finalizando, convoco os meus colegas “oitentrinos”, bem como aqueles recém aposentados, que busquem uma atividade nata lá no fundo daquela caixa, que me referi anteriormente, pois pode dar samba! (Maceió, AL, 18-01-2025).

quarta-feira, 12 de março de 2025

 

SABER VIVER É SABER MORRER.

Luiz Ferreira da Silva, 88

luizferreira1937@gmail.com

 

A morte é justa e ninguém escapa ou a corrompe. Por mais poder e dinheiro que tenha um político, afanador do dinheiro público, ela não se vende e nem quer papo. “Vim te buscar e não quero conversa fiada”!

A vida não teria sentido e o mundo se tornaria um desastre total, sem amarras, sem respeito e sem líderes, se permanecêssemos vivos flanando na terra.

Trata-se do ato final da vida, inexorável, mas que poucos tem coragem de colocá-la na sua mala de viagem, preferindo deixar a morte de molho ou cozinhando o galo (como demora!), arrepiando-se ao se lembrar dela.

Então, nada de ter medo da morte, mas de morrer. Ou seja, uma passagem num momento em que ainda não precise de curador (a), possa andar sem bengala, saber das coisas e lembrar-se dos seus bons momentos vividos.

Em síntese, não se for com a família aliviada- ELE DESCANSOU. Isso é o fim da picada. Todos torcendo por seu desenlace, haja vista o peso de mantê-lo vegetando. Não é o dito cujo que descansou, mas a família!

Então, o bom para o idoso é ainda se manter em atividades, mesmo limitadas, podendo caminhar na orla ou no parque, tomar um sorvete de graviola e conversar sobre o cotidiano com sabedoria, independentemente da idade, preparado para morrer sem ser um estorvo.

Lógico que se deve procrastinar esse momento de “fechar a conta e passar a regra”, não deixando restos a pagar, mas lembranças a serem transformadas em troféus para os que amou.

É um troféu e bonito de se ver um Senhorzinho ou uma Senhorinha andando por suas próprias pernas, cumprimentando as pessoas e cercado (a) pelo carinho dos seus descendentes e vizinhos. Em outra condição, é muito triste, na contramão da vida, vegetando numa cama e sem autodeterminação.

O adoecer é a questão maior, uma perspectiva assustadora, impondo o medo sobre o curso da vida no aspecto da gravidade e antevisão de prejuízos funcionais, afetando a autodeterminação do idoso.

Cônscio dessa concepção sobre a morte, com 88 anos, mesmo querendo mais, a realidade é essa. Se ela chegar, será benfazeja para mim e para todos que me cercam, sobretudo na condição de vitalidade relativa de hoje.

No frigir dos ovos, o fundamental é se fazer a viagem com a mala arrumada e pronta para embarcar na nave, podendo observar toda a paisagem.

Entretanto, a morte, de um modo geral, é vista bem diferente desta ideia aqui discutida, sendo focada sob outra visão, desde que o mundo é mundo. Lembro muito bem dos velhos da minha época que batiam na tecla:

DEUS É QUE SABE O QUE FAZ E TUDO ESTÁ NAS SUAS MÃOS. ‎(12.03.2025).

 

 


 

OS BIRUTEIROS

Luiz Ferreira da Silva, 88

 

Quando uma pessoa muda de opinião ao sopro do vento, girando como se fosse uma biruta de aeroporto, diz-se que ela vive impulsionada pelas ondas, “mutatis mutandi”.

Eu acompanhei o Lula sendo alcunhado como o gênio do mal, como se fora a Geni de Chico Buarque. A PF, a PGR, o STF e o mundo inteiro a descobrirem tantas falcatruas, culminando na sua condenação.

Seus opositores vibravam e ninguém punha dúvidas nessas Instituições, aplaudindo-as, diferentemente dos seus correligionários que juravam de joelhos no milho da honestidade do seu líder.

A biruta virou e ele foi substituído por Bolsonaro, a bola da vez. As mesmas Organizações no mesmo diapasão, apontam para uma possível condenação, para alegria inversa.

E a biruta endoidou. Os que, antes, aplaudiam aqueles Homens, tidos como justos, agora os tem como parciais e conjuminados numa armação, esbravejando sem comedimento.

E com as bobagens da cibernética é muito difícil se separar o joio do trigo.

O jeito é tentar o equilíbrio; nem muito ao céu e nem muito à terra. Pensar, dar trabalho, mas é preciso!

O que acontece com o ser humano? Só se pode ajuizar pelo lado da paixão, quando muitos se acerbam e a luz se anuvia, surgindo o efeito manada. (Maceió, AL, 28.02.2025).

 

 

NOS TEMPOS DO CAMINHÃO DO OVO

Luiz Ferreira da Silva, 88 

Estava no elevador dos “Quintas do Morumbi”, em Sampa, anos atrás, quando entrou uma Senhora esbaforida e me disse – é a segunda vez que perco o caminhão do ovo.

O condomínio tem 11 torres com 4 entradas e o vendedor com seu megafone anunciava a caixa de 30 ovos a 10,00 na outra rua lateral, oposta à da moradora.

Com todo o esforço, chegando ao portão 4, o caminhão já se mandara pela rua Nilza Medeiros em direção à avenida Giovanni Gronchi, em atendimento a outros fregueses.

Era uma outra época de alegria nos aviários, com rações baratas, temperatura agradável e poedeiras desestressadas, diferentemente de hoje com o milho lá nas alturas e outras necessidades sanitárias a preço de dólar. Sem se falar na inflação.

Daí, de 10,00 para mais de 30,00, sem que o poder aquisitivo da classe média para baixo tenha empinado para cima, afetando milhões de brasileiros.

Nunca o ovo foi tão protagonizado na mídia quanto agora, chegando à cozinha do Palácio da Alvorada, não pelo custo, pois quem paga somos nós, mas pelo que pode abalar a reputação política do Presidente.

Temendo a indignação dos seus eleitores, condenou tal alta, jurando que o preço vai baixar - “Eu tenho certeza de que a gente vai conseguir fazer com que o preço volte aos padrões do poder aquisitivo do trabalhador".

As galinhas devem estar assustadas em seus poleiros; “oxente, ele quer controlar até as nossas cloacas”?!

 

 

 

 

 

 

QUEM MANDA?

Luiz Ferreira da Silva, 88

 

O Brasil vive uma crise de gerência publica atingindo a todos os brasileiros, sobretudo os mais pobres, no tocante à segurança pública.

O país dispõe de um Presidente que comanda as forças armadas e a Polícia Federal; 27 Governadores que ordenam as Polícias; Magistrados federais e estaduais com poderes de prisão; e Câmaras que podem endurecer as leis contra os bandidos.

Então, o Cidadão está protegido? Paradoxalmente, não, pois são as organizações criminosas, os milicianos, os traficantes e marginais autônomos, em conluio com agentes públicos do outro lado, pagos para combatê-los, que dão as ordens. E isso, pasmem, de dentro da cadeia!

Anos atrás, a legião urbana cantava – Que país é este – denunciando na primeira estrofe:

“Nas favelas, no Senado.

Sujeira para todo o lado.

Ninguém respeita a Constituição.

Mas todos acreditam no futuro da Nação”

.

E continuamos sem ação e sem nos apercebermos do Brasil se embicando para os quintos dos infernos, bestamente acreditando no nosso porvir de primeiro mundo. (Maceió, AL, 07.03.2025)

 

 

 

 

PÕE NA CONTA DA VIÚVA QUE A VIÚVA É RICA.

Luiz Ferreira da Silva, 88


Leia-se ESTADO CORRUPTO para satisfazer aos que:

 

- Querem riqueza sem trabalhar;

- Começar como Diretor sem nunca ter sido peão;

- Usam um jeitinho para levar vantagens;

- Adoram ser recompensados sem compensar nada;

- Sempre burlam os impostos e procrastinam o perdão do erário;

- Mantem-se junto aos que lhe podem beneficiar em troca da sua falsa lealdade;

- Cantam o Hino Nacional com a mão no peito com o pensamento voltado ao tesouro.


           DESSA FORMA, O BRASIL SE TORNOU UMA VIÚVA TÃO A GOSTO DOS POLÍTICOS, DOS MARAJÁS DA JUSTIÇA, DE MEQUETREFES FAMILIARES APADRINHADOS DOS PARTIDOS; DAS FACÇÕES IDEOLÓGICAS MAMADORAS e OUTRAS FIGURAS indecentes.

 

Nenhum país se tornou uma Pátria para seus filhos nessa condição de improbidade.

O maior exemplo vem da China. Antigamente se dizia - “negócio da China”. O Estado acabou com a corrupção, os bens chegaram ao seu povo indistintamente e o país se agigantou.

O NOSSO CAMINHO ESTÁ EM ACABAR COM O ESTADO CORRUPTO E NÃO EM SE DIGLADIAR ESQUERDA/DIREITA, NUMA LUTA DE UM GRUPO, ORA DE UM LADO, ORA DO OUTRO, ÁVIDO PELO PODER E PELAS BENESSES DO NOSSO USOFRUTO.

QUE APAREÇAM PESSOAS DO BEM, COMPETENTES E TRABALHADORES, DIGNAS DE GERENCIAR O DINHEIRO PÚBLICO, COM DECÊNCIA E PATROTISMO, PARA REVIRAR O PAÍS, HOJE DE PONTA CABEÇA. ‎

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

 

AS CRIANÇAS POBRES DE ONTEM

          Luiz Ferreira da Silva, 87

         (88 em fevereiro/2025)

 

No meu tempo, década de 40, os pais orientavam os filhos pelo caminho do Grupo Escolar, almejando uma melhor formação que não tiveram, por sentirem na pele essa limitação de crescer na vida.

Ademais da aritmética aprendida na base da palmatória, havia a educação cívica através dos hinos da república e do passo certo nas marchas do 7 de setembro.

A Mestra era uma figura respeitada pelos meninos, via orientação dos pais, e admirada na comunidade, ao ponto que seu esposo era conhecido como o marido da professora.

No espeço escolar, todos tinham um sentimento de grupo, cujas brincadeiras eram em conjunto, tornando-as mais prazerosas e disponíveis, bem diferentes da déca­da atual, individualizada pelo celular.

A dor ensinava a gemer. Como não dispunham de brin­quedos e não tinham grana, os meninos desenvolviam a criatividade e a habilidade em fazer objetos e bolar maneiras de diversão. O próprio Grupo lhes facultava ofícios diversos, a exemplo da carpintaria.

Com as pequenas coisas, cultivavam a felicidade, demonstrando que nem sempre os bens materiais e a riqueza são fontes de alegrias e bem-estar.

Ninguém se encucava com um castigo e, tampouco, caía em depressão, palavra desconhecida, e nem recorria a um psicólogo, figura de ficção na época.

Mais tarde, por não terem condições financeiras para prosseguir os estudos na capital, tão cedo se iniciavam numa arte que melhor se coadunasse com seu talento, na expectativa de que seus filhos realizassem seu sonho de vencer a pobreza pelo caminho dos estudos.

Dessa forma, com muito esforço, a única maneira de se acabar com a nossa pobreza é investir na Escola Pública, fornecendo os meios necessários para que as crianças possam estudar em tempo integral, ao invés das “bolsas-esmolas” eleitoreiras.

E o Brasil, tem dinheiro de montão, cabendo tamponar os ralos da corrupção pública e puxar as orelhas dos nossos governantes, como as nossas professoras faziam com os meninos danadinhos. (28.01.2024)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MEU COLEGA E AMIGO IDOSO

Luiz Ferreira da Silva, 87

A sociedade coloca no rol dos idosos todos aqueles que chegam aos 60 anos. Trata-se de uma faixa etária do chamado lusco-fusco, o instante crepuscular, entre o fim do dia e o começo da note.

Em outras palavras, inicia-se o fulgor do sol incidente, catalisando as energias orgânicas, externadas pelo vigor da vida.

Agora, um novo horizonte se vislumbra, exigindo adaptar-se às limitações que começam a dar sinais.

Por outro lado, há uma história a se consolidar, fincando os pés no duro chão da vida, de modo a corrigir possíveis rompantes da juventude e estabelecer um manual que foque na distribuição de bônus para todos que lhe cerca.

Léo Batista que, recentemente, empreendeu sua viagem estelar, nos deixou uma bela lição – “só morre de verdade, quem nunca mais é lembrado”. E acrescento; só com pegadas altruístas deixadas por onde passa, se consegue deixar lembranças eternas.

Feito esse introito e já tendo ultrapassado 8 décadas, um novo impulso me empurra para a frente, oriundo de um projeto que estabeleci tempos atrás, quando estipulei a meta de ter um filho com 50 anos de idade. Isso aconteceu em 2015, quando fiz 78 anos.

E não é que gostei da ideia e a estendi por mais uma década! Luiz, meu primogênito, entrou no rol dos idosos (60 anos), em 23.06.2025.

Dessa forma, eu e Airma temos um filho que, além de amigo, é nosso colega etário; ou seja, idoso, também. Uma dádiva de Deus, pois!

 

 

 

DESGRAÇA NÃO TEME “CARTEIRADA”

Luiz Ferreira da Silva, 88

 


Mapa

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.Uma imagem contendo edifício, de madeira, velho, em pé

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

(Condomínio de luxo em Guarulhos/SP, com residências de milhões de reais,

inundado pela ganância imobiliária, contrariando à Mãe Natureza, contrastando com as casas de uma comunidade maceioense, sujeitas aos desbarrancamentos, abandonada pelo poder público),

 

As fortes chuvas em SP alagaram casas de famosas em Alphaville, causando danos e preocupações. A cantora Simone Mendes e a advogada Deolane Bezerra foram algumas das afetadas pelo temporal, que veio acompanhado de granizo e infiltrações inesperadas. Também, em Guarulhos, uma concessionária de carros de luxo foi invadida pela correnteza.

No mesmo dia, os moradores de uma comunidade pobre em Maceió/AL, sofrerem com alagamentos, que se repetem todos os anos.

Ninguém sabe o nome de um deles e suas perdas não são levadas em conta, quando são frutos de uma vida suada.


Enquanto os ricos lá de SAMPA lamentam seus carros importados, os daqui já nem reclamam mais das dos colchões enlameados, das geladeiras velhas imprestáveis e nem da casa modesta desmoronada. Todo período chuvoso, a mesma cantilena: conversa fiada e a solidariedade dos caridosos, chegando juntos com mantimentos, água e roupas.

O Brasil é um país arretado mesmo. Por linhas tortas se “sociabiliza”, nivelando pobres e ricos. No primeiro caso, “empurra” os pobres para os quintos dos infernos e, no segundo caso, fecha os olhos à especulação imobiliária, privilegiando o vil metal, contrariando as Leis da Natureza que, sem livrar a cara de ninguém, abre seu vade-mécum e aplica o que está escrito, seja poderoso ou não.

É de se pensar, num momento de revolta profunda, que só a desgraça nos salva, com a mão da Mãe Natureza contrariada, por um lado, e a estupidez dos governantes inescrupulosos, pelo outro, nivelando por baixo os ricos e os pobres, estabelecendo essa estratégia cruel que contraria tudo que foi pregado por Cristo; uma outra maneira de construção de uma sociedade justa e igualitária. (Maceió, AL, 12.02.2 025)

 

 

 


 

 

 

O CANO DE DESCARGA E OS NOSSOS PULMÕES

Luiz Ferreira da Silva, 88

luizferreira1937@gmail.com


 

(Capital paulista com o céu substituído pelos gases de origem fóssil)

 

Quando se fala em São Paulo, esquece-se o tudo de bom que a cidade dispõe para o país. A saúde de primeiro mundo, as universidades de primeira linha, a formação de mão-de-obra especializada para todo o país, a produção cultural de grandes teatros, a gastronomia universal, os parques bem cuidados, os empregos das multinacionais, incentivando o crescimento profissional.

Pelo contrário, vem à tona a poluição do seu ar, o trânsito irritante e o tempo perdido nos deslocamentos, pondo para baixo toda grandiosidade paulistana.

São mais de 7 milhões de carros, ônibus, motos, gritando pelo seu cano de descarga, jogando principalmente dióxido de carbono, outros gases maléficos e fuligem pelos céus da pauliceia, afetando a saúde de todos.

O Brasil ainda insiste em ser das Arábias, investindo em novas fontes petrolíferas, não respeitando os nichos ecológicos, a exemplo da persistência do nosso Presidente em escavar as terras da margem equatorial do Amapá.

Enquanto isso, o Brasil tem forte incidência de sol e muito espaço para uso de placas solares. Portanto, é um lugar perfeito para a geração de energia solar, uma energia limpa e sadia. Por qual motivo não há tantas iniciativas do tipo por aqui?

Há diversas outras fontes pelos campos agrícolas, pelos resíduos orgânicos, pelas ventanias nordestinas. São mais caras, mas saúde não tem preço e um plano de governo poderia alavancar este Brasil sem canos de descargas. O futuro, neste contexto, é hoje.

De repente, a tecnologia possibilitou a fabricação do carro elétrico, com um motor de poucas peças e, sobretudo sem o tal cano de descarga, contrastando com os à combustão, um trambolho pesadão.

Voltemos à capital paulista para um exercício futurista, “viajando” num projeto, com vistas a trocar toda frota poluidora por carros elétricos, mandando para a reciclagem 7 milhões de carcaças. Vale a pena se flutuar neste mundo ilusionista, sobretudo quem já passou dos 80 anos.

Nesta visão, a ideia seria conjuminar o carro elétrico com a energia solar, iniciando-se pelos edifícios. Placas solares para abastecer os carregadores individuais de seus moradores.

E, em toda a Cidade, pontos estratégicos de produção energética, acoplados a uma série de abastecedores dos transitados pelas vias e estradas de acesso à região metropolitana.

Ademais, desenvolver nos grandes rios e espelhos d’agua, a energia solar flutuante, que representa uma solução promissora, como tem demonstrado os técnicos chineses, cujo modelo pode nos servir como exemplo. Inclusive, a cobertura da água com painéis solares pode reduzir a evaporação, contribuindo para a conservação da água nos lagos e reservatórios.

Finalizo, lembrando que a era da pedra não se acabou por falta de rochas e que o petróleo pode se acabar com os poços cheios do óleo negro. (Maceió, 17.02.2025).

 

 

 

O BORBULHAR DA MINHA MEMÓRIA

Luiz Ferreira da Silva, 87

Engenheiro-Agrônomo e Escritor

luizferreira1937@gmail.com

 

Texto, Carta

Descrição gerada automaticamente

 

Acabo de ler o livro do Nireu Cavalcanti, com o título, borbulhar da memória, retratando literalmente a sua família. A dedicatória expressa um momento de lembrança eivada na amizade.

E quem é esse alagoano que migrou para o Rio de Janeiro por contingências da política estúpida do interior nordestino, cujo irmão mais velho, Gilberto, foi vítima?

Simplesmente, para não me alongar, arquiteto, pintor, desenhista e historiador. Um dos membros de uma família edificada pelo casal Júlio e Maria, lá de Capim, hoje, Olivença.

Sinto-me presente nas belas narrativas da epopeia narrada a 10 mãos – Nireu, Hermano, Luitgarde, José e Luciaurea – aflorando à minha memória, uma lembrança que permanece fincada na minha cachola.

Refiro-me ao irmão número 3; Julmário, meu colega do Colégio Estadual de Alagoas, cuja amizade fraterna nasceu no primeiro dia de aula numa situação inusitada.

Em 1951, os calouros que lograram êxitos no “vestibularzinho” (exame de admissão) se encontravam em frente ao portão de entrada do educandário, sob a marquise do foto-fon, apavorados ante os veteranos que lá se postavam para “recepcioná-los” com cocorotes e reguadas.

E assim, os colegas iam sendo batizados. Julmário, que não o conhecia, se aproximou e me propôs ficar na moita, até que todos adentrassem. Apoiei a ideia e em desabalada carreira, com os livros na cabeça, passamos ilesos pelas brechas, deixando os algozes com caras de trouxa.

Daí para frente, ficamos amigos. Como morava na Rua Zacarias de Azevedo, cujo percurso era pela Rua Dias Cabral, fazia uma parada na sua residência, possibilitando-me enturmar com o Emmanuel, Hermano, Nireu e José. Luitgarde era a princesa da casa. Deve ter passado a coroa à Luciaurea, que chegou tempos depois.

Era lúdico a gente se amoitar no fundo do quintal, escondidos nos arbustos, e expor as nossas fantasias de adolescentes, eivadas de sonhos eróticos e muitas mentiras.

Pulando 11 anos, reencontrei o amigão, que já morava no Rio de Janeiro, por ocasião da minha formatura, dezembro de 1962 (UFRRJ/Seropédica). Ele compareceu e fiquei muito feliz,

Nesse instante, hoje, 74 anos após o estopim da nossa amizade, lendo o livro do Nireu, aquilato o quanto é extraordinário se cultivar um AMIGO, pois permanecerá vivo independentemente do tempo e da presença física.

Portanto, lembrar-se de um momento marcante é se rejuvenescer constante! E, dessa forma, continuo a frequentar a Rua Dias Cabral, número 124, como se fosse hoje. (Maceió, AL, 31.01.2025).

 

 

O BAOBÁ ALAGOANO

Luiz Ferreira da Silva, 87

 

Parque com árvores

Descrição gerada automaticamente

 

 

Vim de longe, lá do continente africano e fui plantado pelos escravos, trabalhadores sem destemor, que me fincaram no chão duro sob o sol nordestino. Adaptei-me, vicejei e cresci com esplendor.

A minha arquitetura é provida de um caule expansivo, com cor esverdeada e vigor que despertam a atenção dos que me observam.  Foi o que aconteceu com Antoine Exupéry, inserindo-me no seu belo livro O Pequeno Príncipe.

Em Maceió, na Praça Muniz Falcão, chamada do skate, reino sozinho e até, apesar do meu porte avantajado, ninguém me reconhece e nem ligam para mim, quando me considero um alagoano assumido. Tampouco procuraram saber o meu nome e até me ferem com tolas inscrições no meu caule.

Diferentemente, lá fora sou reverenciado: árvore nacional do Madagascar e emblema nacional do Senegal.

Todos os anos lanço belas flores que têm vida efêmera, mas não fecundadas, que só acontece em condições de clima seco, cuja produção é irregular.

Ainda sou muito jovem, comparando-me com meus ancestrais africanos, providos de árvores seculares, ultrapassando os 800 anos, mas estou mirando cada vez mais o céu para me igualar a esses idosos de minha origem.

É com tristeza que observo os servidores da Prefeitura preocupados com as obras físicas, esquecendo a Natureza viva de tantas espécies existentes, sem nunca nos fornecerem “alimentos” e nem nos protegeram dos inimigos naturais, incluindo o próprio Homem.

 

 

 

 

 

 

MEUS 88 ANOS CANTADOS NAS PEDRAS.

Luiz Ferreira da Silva, 88

luizferreira1937@gmail.com

 

Lembro-me do Bel, lá para os idos de 1953, que cantava as pedras de um bingo, na festa de Natal, na Praça da Faculdade (Maceió/AL) com muito humor e eficiência.

Quando terminava em zero como 50, dizia 5 de rombo. O 22 era cognominado de dois patinhos na lagoa. E assim ia metendo a mão na sacola e mandando ver com seu vozeirão à moda Jamelão da Mangueira.

Como tenho laços afetivos com esse “point” em minha adolescência, transformei os meus 88 anos (10-02-2025) em 8 patinhos na lagoa, com auxílio da aritmética elementar de Antônio Trajano; ou seja: (88:22=4) /4x2=8.

Por outro lado, se diz pedra 90 a uma pessoa forte, referindo-se a um mineral de alta dureza na escala mineralógica.

Também, madeira de dar em doido, fazendo ilação com a sucupira, alcunhando as pessoas rústicas, fortes e que não se dobram, como essa árvore d\a mata atlântica, de cerne escuro.

Acredito que todos aqueles que ultrapassam os 80 anos têm no seu DNA um pouco dessa fortaleza e, a depender do seu grau, podem ser, mais tarde, pedra 90 ou até mais.

Tudo depende da erosão “genealógica” interligada com a deterioração orgânica de cada um. Além de oportunistas doenças como o Alzheimer, dentre outras.

Só sei que atingi a de número 88, na expectativa de ser promovido no próximo ano. (Maceió, AL. 10 de Fevereiro de 2025).