Criei este blog para divulgar minhas ideias na busca de outras, mantendo um vínculo em mão dupla com o prezado leitor, haja vista que, para não se envelhecer, é preciso continuar aprendendo.
sábado, 22 de março de 2025
quarta-feira, 12 de março de 2025
SABER VIVER É SABER MORRER.
Luiz Ferreira da Silva, 88
A morte é justa e ninguém escapa ou a corrompe. Por mais poder e
dinheiro que tenha um político, afanador do dinheiro público, ela não se vende
e nem quer papo. “Vim te buscar e não quero conversa fiada”!
A vida não teria sentido e o mundo se tornaria um desastre total, sem
amarras, sem respeito e sem líderes, se permanecêssemos vivos flanando na
terra.
Trata-se do ato final da vida, inexorável, mas que poucos tem coragem de
colocá-la na sua mala de viagem, preferindo deixar a morte de molho ou cozinhando
o galo (como demora!), arrepiando-se ao se lembrar dela.
Então, nada de ter medo da morte, mas de morrer. Ou seja, uma passagem
num momento em que ainda não precise de curador (a), possa andar sem bengala,
saber das coisas e lembrar-se dos seus bons momentos vividos.
Em síntese, não se for com a família aliviada- ELE DESCANSOU. Isso é o
fim da picada. Todos torcendo por seu desenlace, haja vista o peso de mantê-lo
vegetando. Não é o dito cujo que descansou, mas a família!
Então, o bom para o idoso é ainda se manter em atividades, mesmo
limitadas, podendo caminhar na orla ou no parque, tomar um sorvete de graviola
e conversar sobre o cotidiano com sabedoria, independentemente da idade,
preparado para morrer sem ser um estorvo.
Lógico que se deve procrastinar esse momento de “fechar a conta e passar
a regra”, não deixando restos a pagar, mas lembranças a serem transformadas em
troféus para os que amou.
É um troféu e bonito de se ver um Senhorzinho ou uma Senhorinha andando
por suas próprias pernas, cumprimentando as pessoas e cercado (a) pelo carinho dos
seus descendentes e vizinhos. Em outra condição, é muito triste, na contramão
da vida, vegetando numa cama e sem autodeterminação.
O adoecer é a questão maior, uma perspectiva assustadora, impondo o medo
sobre o curso da vida no aspecto da gravidade e antevisão de prejuízos
funcionais, afetando a autodeterminação do idoso.
Cônscio dessa concepção sobre a morte, com 88 anos, mesmo querendo mais,
a realidade é essa. Se ela chegar, será benfazeja para mim e para todos que me
cercam, sobretudo na condição de vitalidade relativa de hoje.
No frigir dos ovos, o fundamental é se fazer a viagem com a mala arrumada
e pronta para embarcar na nave, podendo observar toda a paisagem.
Entretanto, a morte, de um modo geral, é vista bem diferente desta ideia
aqui discutida, sendo focada sob outra visão, desde que o mundo é mundo. Lembro
muito bem dos velhos da minha época que batiam na tecla:
DEUS É QUE SABE O QUE FAZ E TUDO ESTÁ NAS SUAS
MÃOS. (12.03.2025).
OS
BIRUTEIROS
Luiz
Ferreira da Silva, 88
Quando
uma pessoa muda de opinião ao sopro do vento, girando como se fosse uma biruta
de aeroporto, diz-se que ela vive impulsionada pelas ondas, “mutatis mutandi”.
Eu
acompanhei o Lula sendo alcunhado como o gênio do mal, como se fora a Geni de
Chico Buarque. A PF, a PGR, o STF e o mundo inteiro a descobrirem tantas
falcatruas, culminando na sua condenação.
Seus
opositores vibravam e ninguém punha dúvidas nessas Instituições, aplaudindo-as,
diferentemente dos seus correligionários que juravam de joelhos no milho da
honestidade do seu líder.
A
biruta virou e ele foi substituído por Bolsonaro, a bola da vez. As mesmas
Organizações no mesmo diapasão, apontam para uma possível condenação, para
alegria inversa.
E
a biruta endoidou. Os que, antes, aplaudiam aqueles Homens, tidos como justos,
agora os tem como parciais e conjuminados numa armação, esbravejando sem
comedimento.
E
com as bobagens da cibernética é muito difícil se separar o joio do trigo.
O jeito é
tentar o equilíbrio; nem muito ao céu e nem muito à terra. Pensar, dar
trabalho, mas é preciso!
O
que acontece com o ser humano? Só se pode ajuizar pelo lado da paixão, quando muitos
se acerbam e a luz se anuvia, surgindo o efeito manada. (Maceió, AL,
28.02.2025).
NOS
TEMPOS DO CAMINHÃO DO OVO
Luiz
Ferreira da Silva, 88
Estava
no elevador dos “Quintas do Morumbi”, em Sampa, anos atrás, quando entrou uma
Senhora esbaforida e me disse – é a segunda vez que perco o caminhão do ovo.
O
condomínio tem 11 torres com 4 entradas e o vendedor com seu megafone anunciava
a caixa de 30 ovos a 10,00 na outra rua lateral, oposta à da moradora.
Com
todo o esforço, chegando ao portão 4, o caminhão já se mandara pela rua Nilza
Medeiros em direção à avenida Giovanni Gronchi, em atendimento a outros
fregueses.
Era
uma outra época de alegria nos aviários, com rações baratas, temperatura
agradável e poedeiras desestressadas, diferentemente de hoje com o milho lá nas
alturas e outras necessidades sanitárias a preço de dólar. Sem se falar na
inflação.
Daí,
de 10,00 para mais de 30,00, sem que o poder aquisitivo da classe média para
baixo tenha empinado para cima, afetando milhões de brasileiros.
Nunca
o ovo foi tão protagonizado na mídia quanto agora, chegando à cozinha do
Palácio da Alvorada, não pelo custo, pois quem paga somos nós, mas pelo que
pode abalar a reputação política do Presidente.
Temendo
a indignação dos seus eleitores, condenou tal alta, jurando que o preço vai baixar - “Eu tenho certeza de que a gente vai
conseguir fazer com que o preço volte aos padrões do poder
aquisitivo do trabalhador".
As galinhas devem estar
assustadas em seus poleiros; “oxente, ele quer controlar até as nossas
cloacas”?!
QUEM MANDA?
Luiz Ferreira da Silva, 88
O
Brasil vive uma crise de gerência publica atingindo a todos os
brasileiros, sobretudo os mais pobres, no tocante à segurança pública.
O
país dispõe de um Presidente que comanda as forças armadas e a Polícia Federal;
27 Governadores que ordenam as Polícias; Magistrados federais e estaduais com
poderes de prisão; e Câmaras que podem endurecer as leis contra os bandidos.
Então,
o Cidadão está protegido? Paradoxalmente, não, pois são as organizações
criminosas, os milicianos, os traficantes e marginais autônomos, em conluio com
agentes públicos do outro lado, pagos para combatê-los, que dão as ordens. E
isso, pasmem, de dentro da cadeia!
Anos
atrás, a legião urbana cantava – Que país é este – denunciando na
primeira estrofe:
“Nas favelas, no Senado.
Sujeira para todo o lado.
Ninguém respeita a Constituição.
Mas todos acreditam no futuro da Nação”
.
E
continuamos sem ação e sem nos apercebermos do Brasil se embicando para os
quintos dos infernos, bestamente acreditando no nosso porvir de primeiro
mundo. (Maceió, AL, 07.03.2025)
PÕE NA
CONTA DA VIÚVA QUE A VIÚVA É RICA.
Luiz
Ferreira da Silva, 88
Leia-se ESTADO CORRUPTO para satisfazer
aos que:
- Querem riqueza sem trabalhar;
- Começar como Diretor sem nunca ter sido peão;
- Usam um jeitinho para levar vantagens;
- Adoram ser recompensados sem compensar nada;
- Sempre burlam os impostos e procrastinam o
perdão do erário;
- Mantem-se junto aos que lhe podem beneficiar
em troca da sua falsa lealdade;
- Cantam o Hino Nacional com a mão no peito com
o pensamento voltado ao tesouro.
DESSA FORMA, O BRASIL SE TORNOU
UMA VIÚVA TÃO A GOSTO DOS POLÍTICOS, DOS MARAJÁS DA JUSTIÇA, DE
MEQUETREFES FAMILIARES APADRINHADOS DOS PARTIDOS; DAS FACÇÕES IDEOLÓGICAS
MAMADORAS e OUTRAS FIGURAS indecentes.
Nenhum país se tornou uma Pátria para seus
filhos nessa condição de improbidade.
O maior exemplo vem da China. Antigamente se dizia - “negócio da China”. O Estado acabou com a corrupção, os bens chegaram ao seu povo indistintamente e o país se agigantou.
O NOSSO CAMINHO ESTÁ EM ACABAR COM O ESTADO CORRUPTO E NÃO EM SE DIGLADIAR ESQUERDA/DIREITA, NUMA LUTA DE UM GRUPO, ORA DE UM LADO, ORA DO OUTRO, ÁVIDO PELO PODER E PELAS BENESSES DO NOSSO USOFRUTO.
QUE APAREÇAM PESSOAS DO BEM, COMPETENTES E
TRABALHADORES, DIGNAS DE GERENCIAR O DINHEIRO PÚBLICO, COM DECÊNCIA E
PATROTISMO, PARA REVIRAR O PAÍS, HOJE DE PONTA CABEÇA.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
AS
CRIANÇAS POBRES DE ONTEM
Luiz Ferreira da Silva, 87
(88 em fevereiro/2025)
No
meu tempo, década de 40, os pais orientavam os filhos pelo caminho do Grupo
Escolar, almejando uma melhor formação que não tiveram, por sentirem na pele
essa limitação de crescer na vida.
Ademais
da aritmética aprendida na base da palmatória, havia a educação cívica através
dos hinos da república e do passo certo nas marchas do 7 de setembro.
A
Mestra era uma figura respeitada pelos meninos, via orientação dos pais, e
admirada na comunidade, ao ponto que seu esposo era conhecido como o marido da
professora.
No
espeço escolar, todos tinham um sentimento de
grupo, cujas brincadeiras eram em conjunto, tornando-as mais prazerosas e disponíveis,
bem diferentes da década atual, individualizada pelo celular.
A dor ensinava a gemer.
Como não dispunham de brinquedos e não tinham grana, os meninos desenvolviam a
criatividade e a habilidade em fazer objetos e bolar maneiras de diversão. O
próprio Grupo lhes facultava ofícios diversos, a exemplo da carpintaria.
Com as pequenas coisas,
cultivavam a felicidade, demonstrando que nem sempre os bens materiais e a
riqueza são fontes de alegrias e bem-estar.
Ninguém se encucava com um
castigo e, tampouco, caía em depressão, palavra desconhecida, e nem recorria a
um psicólogo, figura de ficção na época.
Mais tarde, por não terem
condições financeiras para prosseguir os estudos na capital, tão cedo se
iniciavam numa arte que melhor se coadunasse com seu talento, na expectativa de
que seus filhos realizassem seu sonho de vencer a pobreza pelo caminho dos
estudos.
Dessa forma, com muito
esforço, a única maneira de se acabar com a nossa pobreza é investir na Escola
Pública, fornecendo os meios necessários para que as crianças possam estudar em
tempo integral, ao invés das “bolsas-esmolas” eleitoreiras.
E o Brasil, tem dinheiro
de montão, cabendo tamponar os ralos da corrupção pública e puxar as orelhas
dos nossos governantes, como as nossas professoras faziam com os meninos
danadinhos. (28.01.2024)
MEU
COLEGA E AMIGO IDOSO
Luiz
Ferreira da Silva, 87
A
sociedade coloca no rol dos idosos todos aqueles que chegam aos 60 anos.
Trata-se de uma faixa etária do chamado lusco-fusco, o instante crepuscular,
entre o fim do dia e o começo da note.
Em
outras palavras, inicia-se o fulgor do sol incidente, catalisando as energias
orgânicas, externadas pelo vigor da vida.
Agora,
um novo horizonte se vislumbra, exigindo adaptar-se às limitações que começam a
dar sinais.
Por
outro lado, há uma história a se consolidar, fincando os pés no duro chão da
vida, de modo a corrigir possíveis rompantes da juventude e estabelecer um manual
que foque na distribuição de bônus para todos que lhe cerca.
Léo
Batista que, recentemente, empreendeu sua viagem estelar, nos deixou uma bela
lição – “só morre de verdade, quem nunca mais é lembrado”. E acrescento; só com
pegadas altruístas deixadas por onde passa, se consegue deixar lembranças
eternas.
Feito
esse introito e já tendo ultrapassado 8 décadas, um novo impulso me empurra para
a frente, oriundo de um projeto que estabeleci tempos atrás, quando estipulei a
meta de ter um filho com 50 anos de idade. Isso aconteceu em 2015, quando fiz
78 anos.
E
não é que gostei da ideia e a estendi por mais uma década! Luiz, meu
primogênito, entrou no rol dos idosos (60 anos), em 23.06.2025.
Dessa
forma, eu e Airma temos um filho que, além de amigo, é nosso colega etário; ou
seja, idoso, também. Uma dádiva de Deus, pois!
DESGRAÇA NÃO TEME “CARTEIRADA”
Luiz Ferreira
da Silva, 88
(Condomínio
de luxo em Guarulhos/SP, com residências de milhões de reais,
inundado
pela ganância imobiliária, contrariando à Mãe Natureza, contrastando com as casas
de uma comunidade maceioense, sujeitas aos desbarrancamentos, abandonada pelo
poder público),
As fortes chuvas em SP alagaram casas de famosas em
Alphaville, causando danos e preocupações. A cantora Simone Mendes e a advogada
Deolane Bezerra foram algumas das afetadas pelo temporal, que veio acompanhado
de granizo e infiltrações inesperadas. Também, em Guarulhos, uma concessionária
de carros de luxo foi invadida pela correnteza.
No mesmo dia, os moradores de
uma comunidade pobre em Maceió/AL, sofrerem com alagamentos, que se repetem
todos os anos.
Ninguém sabe o nome de um
deles e suas perdas não são levadas em conta, quando são frutos de uma vida
suada.
Enquanto os ricos lá de SAMPA
lamentam seus carros importados, os daqui já nem reclamam mais das dos colchões
enlameados, das geladeiras velhas imprestáveis e nem da casa modesta
desmoronada. Todo período chuvoso, a mesma cantilena: conversa fiada e a
solidariedade dos caridosos, chegando juntos com mantimentos, água e roupas.
O Brasil é um país arretado mesmo. Por linhas
tortas se “sociabiliza”, nivelando pobres e ricos. No primeiro caso, “empurra”
os pobres para os quintos dos infernos e, no segundo caso, fecha os olhos à
especulação imobiliária, privilegiando o vil metal, contrariando as Leis da
Natureza que, sem livrar a cara de ninguém, abre seu vade-mécum e aplica o que
está escrito, seja poderoso ou não.
É de se pensar, num momento de revolta profunda,
que só a desgraça nos salva, com a mão da Mãe Natureza contrariada,
por um lado, e a estupidez dos governantes inescrupulosos, pelo outro, nivelando
por baixo os ricos e os pobres, estabelecendo essa estratégia cruel que contraria
tudo que foi pregado por Cristo; uma outra maneira de construção de uma
sociedade justa e igualitária. (Maceió, AL,
12.02.2 025)
O
CANO DE DESCARGA E OS NOSSOS PULMÕES
Luiz
Ferreira da Silva, 88

(Capital paulista com o céu substituído pelos gases
de origem fóssil)
Quando
se fala em São Paulo, esquece-se o tudo de bom que a cidade dispõe para o país.
A saúde de primeiro mundo, as universidades de primeira linha, a formação de
mão-de-obra especializada para todo o país, a produção cultural de grandes
teatros, a gastronomia universal, os parques bem cuidados, os empregos das
multinacionais, incentivando o crescimento profissional.
Pelo
contrário, vem à tona a poluição do seu ar, o trânsito irritante e o tempo
perdido nos deslocamentos, pondo para baixo toda grandiosidade paulistana.
São
mais de 7 milhões de carros, ônibus, motos, gritando pelo seu cano de
descarga, jogando principalmente dióxido de carbono, outros gases maléficos
e fuligem pelos céus da pauliceia, afetando a saúde de todos.
O
Brasil ainda insiste em ser das Arábias, investindo em novas fontes petrolíferas,
não respeitando os nichos ecológicos, a exemplo da persistência do nosso
Presidente em escavar as terras da margem equatorial do Amapá.
Enquanto
isso, o Brasil tem forte incidência de sol e muito espaço para uso de placas
solares. Portanto, é um lugar perfeito para a geração de energia solar, uma
energia limpa e sadia. Por qual motivo não há tantas iniciativas do tipo por
aqui?
Há
diversas outras fontes pelos campos agrícolas, pelos resíduos orgânicos, pelas
ventanias nordestinas. São mais caras, mas saúde não tem preço e um plano de
governo poderia alavancar este Brasil sem canos de descargas. O
futuro, neste contexto, é hoje.
De
repente, a tecnologia possibilitou a fabricação do carro elétrico, com um motor
de poucas peças e, sobretudo sem o tal cano de descarga, contrastando com
os à combustão, um trambolho pesadão.
Voltemos
à capital paulista para um exercício futurista, “viajando” num projeto, com
vistas a trocar toda frota poluidora por carros elétricos, mandando para a
reciclagem 7 milhões de carcaças. Vale a pena se flutuar neste mundo ilusionista,
sobretudo quem já passou dos 80 anos.
Nesta
visão, a ideia seria conjuminar o carro elétrico com a energia solar,
iniciando-se pelos edifícios. Placas solares para abastecer os carregadores
individuais de seus moradores.
E,
em toda a Cidade, pontos estratégicos de produção energética, acoplados a uma série
de abastecedores dos transitados pelas vias e estradas de acesso à região
metropolitana.
Ademais,
desenvolver nos grandes rios e espelhos d’agua, a energia solar flutuante, que
representa uma solução promissora, como tem demonstrado os técnicos chineses,
cujo modelo pode nos servir como exemplo. Inclusive, a cobertura da água com
painéis solares pode reduzir a evaporação, contribuindo para a conservação da
água nos lagos e reservatórios.
Finalizo,
lembrando que a era da pedra não se acabou por falta de rochas e que o petróleo
pode se acabar com os poços cheios do óleo negro. (Maceió, 17.02.2025).
O BORBULHAR DA MINHA MEMÓRIA
Luiz
Ferreira da Silva, 87
Engenheiro-Agrônomo
e Escritor
Acabo
de ler o livro do Nireu Cavalcanti, com o título, borbulhar da memória,
retratando literalmente a sua família. A dedicatória expressa um momento de
lembrança eivada na amizade.
E quem
é esse alagoano que migrou para o Rio de Janeiro por contingências da política
estúpida do interior nordestino, cujo irmão mais velho, Gilberto, foi vítima?
Simplesmente,
para não me alongar, arquiteto, pintor, desenhista e historiador. Um dos
membros de uma família edificada pelo casal Júlio e Maria, lá de Capim, hoje,
Olivença.
Sinto-me
presente nas belas narrativas da epopeia narrada a 10 mãos – Nireu, Hermano,
Luitgarde, José e Luciaurea – aflorando à minha memória, uma lembrança que
permanece fincada na minha cachola.
Refiro-me
ao irmão número 3; Julmário,
meu colega do Colégio Estadual de Alagoas, cuja amizade fraterna nasceu no
primeiro dia de aula numa situação inusitada.
Em
1951, os calouros que lograram êxitos no “vestibularzinho” (exame de admissão)
se encontravam em frente ao portão de entrada do educandário, sob a marquise do
foto-fon, apavorados ante os veteranos que lá se postavam para “recepcioná-los”
com cocorotes e reguadas.
E
assim, os colegas iam sendo batizados. Julmário, que não o conhecia, se
aproximou e me propôs ficar na moita, até que todos adentrassem. Apoiei a ideia
e em desabalada carreira, com os livros na cabeça, passamos ilesos pelas
brechas, deixando os algozes com caras de trouxa.
Daí
para frente, ficamos amigos. Como morava na Rua Zacarias de Azevedo, cujo
percurso era pela Rua Dias Cabral, fazia uma parada na sua residência,
possibilitando-me enturmar com o Emmanuel, Hermano, Nireu e José. Luitgarde era
a princesa da casa. Deve ter passado a coroa à Luciaurea, que chegou tempos
depois.
Era
lúdico a gente se amoitar no fundo do quintal, escondidos nos arbustos, e expor
as nossas fantasias de adolescentes, eivadas de sonhos eróticos e muitas
mentiras.
Pulando
11 anos, reencontrei o amigão, que já morava no Rio de Janeiro, por ocasião da
minha formatura, dezembro de 1962 (UFRRJ/Seropédica). Ele compareceu e fiquei
muito feliz,
Nesse
instante, hoje, 74 anos após o estopim da nossa amizade, lendo o livro do
Nireu, aquilato o quanto é extraordinário se cultivar um AMIGO, pois
permanecerá vivo independentemente do tempo e da presença física.
Portanto,
lembrar-se de um momento marcante é se rejuvenescer constante! E, dessa forma, continuo
a frequentar a Rua Dias Cabral, número 124, como se fosse hoje. (Maceió, AL,
31.01.2025).
O BAOBÁ ALAGOANO
Luiz Ferreira da Silva, 87
Vim
de longe, lá do continente africano e fui plantado pelos escravos,
trabalhadores sem destemor, que me fincaram no chão duro sob o sol nordestino.
Adaptei-me, vicejei e cresci com esplendor.
A
minha arquitetura é provida de um caule expansivo, com cor esverdeada e vigor
que despertam a atenção dos que me observam.
Foi o que aconteceu com Antoine Exupéry, inserindo-me no seu belo livro
O Pequeno Príncipe.
Em
Maceió, na Praça Muniz Falcão, chamada do skate, reino sozinho e até, apesar do
meu porte avantajado, ninguém me reconhece e nem ligam para mim, quando me
considero um alagoano assumido. Tampouco procuraram saber o meu nome e até me
ferem com tolas inscrições no meu caule.
Diferentemente,
lá fora sou reverenciado: árvore nacional do Madagascar e emblema nacional do
Senegal.
Todos
os anos lanço belas flores que têm vida efêmera, mas não fecundadas, que só
acontece em condições de clima seco, cuja produção é irregular.
Ainda
sou muito jovem, comparando-me com meus ancestrais africanos, providos de árvores
seculares, ultrapassando os 800 anos, mas estou mirando cada vez mais o céu
para me igualar a esses idosos de minha origem.
É
com tristeza que observo os servidores da Prefeitura preocupados com as obras
físicas, esquecendo a Natureza viva de tantas espécies existentes, sem nunca nos
fornecerem “alimentos” e nem nos protegeram dos inimigos naturais, incluindo o
próprio Homem.
MEUS 88 ANOS CANTADOS NAS PEDRAS.
Luiz Ferreira da Silva, 88
Lembro-me
do Bel, lá para os idos de 1953, que cantava as pedras de um bingo, na festa de
Natal, na Praça da Faculdade (Maceió/AL) com muito humor e eficiência.
Quando
terminava em zero como 50, dizia 5 de rombo. O 22 era cognominado de dois
patinhos na lagoa. E assim ia metendo a mão na sacola e mandando ver com seu
vozeirão à moda Jamelão da Mangueira.
Como
tenho laços afetivos com esse “point” em minha adolescência, transformei os
meus 88 anos (10-02-2025) em 8 patinhos na lagoa, com auxílio da aritmética
elementar de Antônio Trajano; ou seja: (88:22=4) /4x2=8.
Por
outro lado, se diz pedra 90 a uma pessoa forte, referindo-se a um mineral de
alta dureza na escala mineralógica.
Também,
madeira de dar em doido, fazendo ilação com a sucupira, alcunhando as pessoas
rústicas, fortes e que não se dobram, como essa árvore d\a mata atlântica, de
cerne escuro.
Acredito
que todos aqueles que ultrapassam os 80 anos têm no seu DNA um pouco dessa
fortaleza e, a depender do seu grau, podem ser, mais tarde, pedra 90 ou até
mais.
Tudo
depende da erosão “genealógica” interligada com a deterioração orgânica de cada
um. Além de oportunistas doenças como o Alzheimer, dentre outras.
Só
sei que atingi a de número 88, na expectativa de ser promovido no próximo ano.
(Maceió, AL. 10 de Fevereiro de 2025).