quarta-feira, 12 de março de 2025

 

SABER VIVER É SABER MORRER.

Luiz Ferreira da Silva, 88

luizferreira1937@gmail.com

 

A morte é justa e ninguém escapa ou a corrompe. Por mais poder e dinheiro que tenha um político, afanador do dinheiro público, ela não se vende e nem quer papo. “Vim te buscar e não quero conversa fiada”!

A vida não teria sentido e o mundo se tornaria um desastre total, sem amarras, sem respeito e sem líderes, se permanecêssemos vivos flanando na terra.

Trata-se do ato final da vida, inexorável, mas que poucos tem coragem de colocá-la na sua mala de viagem, preferindo deixar a morte de molho ou cozinhando o galo (como demora!), arrepiando-se ao se lembrar dela.

Então, nada de ter medo da morte, mas de morrer. Ou seja, uma passagem num momento em que ainda não precise de curador (a), possa andar sem bengala, saber das coisas e lembrar-se dos seus bons momentos vividos.

Em síntese, não se for com a família aliviada- ELE DESCANSOU. Isso é o fim da picada. Todos torcendo por seu desenlace, haja vista o peso de mantê-lo vegetando. Não é o dito cujo que descansou, mas a família!

Então, o bom para o idoso é ainda se manter em atividades, mesmo limitadas, podendo caminhar na orla ou no parque, tomar um sorvete de graviola e conversar sobre o cotidiano com sabedoria, independentemente da idade, preparado para morrer sem ser um estorvo.

Lógico que se deve procrastinar esse momento de “fechar a conta e passar a regra”, não deixando restos a pagar, mas lembranças a serem transformadas em troféus para os que amou.

É um troféu e bonito de se ver um Senhorzinho ou uma Senhorinha andando por suas próprias pernas, cumprimentando as pessoas e cercado (a) pelo carinho dos seus descendentes e vizinhos. Em outra condição, é muito triste, na contramão da vida, vegetando numa cama e sem autodeterminação.

O adoecer é a questão maior, uma perspectiva assustadora, impondo o medo sobre o curso da vida no aspecto da gravidade e antevisão de prejuízos funcionais, afetando a autodeterminação do idoso.

Cônscio dessa concepção sobre a morte, com 88 anos, mesmo querendo mais, a realidade é essa. Se ela chegar, será benfazeja para mim e para todos que me cercam, sobretudo na condição de vitalidade relativa de hoje.

No frigir dos ovos, o fundamental é se fazer a viagem com a mala arrumada e pronta para embarcar na nave, podendo observar toda a paisagem.

Entretanto, a morte, de um modo geral, é vista bem diferente desta ideia aqui discutida, sendo focada sob outra visão, desde que o mundo é mundo. Lembro muito bem dos velhos da minha época que batiam na tecla:

DEUS É QUE SABE O QUE FAZ E TUDO ESTÁ NAS SUAS MÃOS. ‎(12.03.2025).

 

 


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