quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

 

O BAOBÁ ALAGOANO

Luiz Ferreira da Silva, 87

 

Parque com árvores

Descrição gerada automaticamente

 

 

Vim de longe, lá do continente africano e fui plantado pelos escravos, trabalhadores sem destemor, que me fincaram no chão duro sob o sol nordestino. Adaptei-me, vicejei e cresci com esplendor.

A minha arquitetura é provida de um caule expansivo, com cor esverdeada e vigor que despertam a atenção dos que me observam.  Foi o que aconteceu com Antoine Exupéry, inserindo-me no seu belo livro O Pequeno Príncipe.

Em Maceió, na Praça Muniz Falcão, chamada do skate, reino sozinho e até, apesar do meu porte avantajado, ninguém me reconhece e nem ligam para mim, quando me considero um alagoano assumido. Tampouco procuraram saber o meu nome e até me ferem com tolas inscrições no meu caule.

Diferentemente, lá fora sou reverenciado: árvore nacional do Madagascar e emblema nacional do Senegal.

Todos os anos lanço belas flores que têm vida efêmera, mas não fecundadas, que só acontece em condições de clima seco, cuja produção é irregular.

Ainda sou muito jovem, comparando-me com meus ancestrais africanos, providos de árvores seculares, ultrapassando os 800 anos, mas estou mirando cada vez mais o céu para me igualar a esses idosos de minha origem.

É com tristeza que observo os servidores da Prefeitura preocupados com as obras físicas, esquecendo a Natureza viva de tantas espécies existentes, sem nunca nos fornecerem “alimentos” e nem nos protegeram dos inimigos naturais, incluindo o próprio Homem.

 

 

 

 

 

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