O BAOBÁ ALAGOANO
Luiz Ferreira da Silva, 87
Vim
de longe, lá do continente africano e fui plantado pelos escravos,
trabalhadores sem destemor, que me fincaram no chão duro sob o sol nordestino.
Adaptei-me, vicejei e cresci com esplendor.
A
minha arquitetura é provida de um caule expansivo, com cor esverdeada e vigor
que despertam a atenção dos que me observam.
Foi o que aconteceu com Antoine Exupéry, inserindo-me no seu belo livro
O Pequeno Príncipe.
Em
Maceió, na Praça Muniz Falcão, chamada do skate, reino sozinho e até, apesar do
meu porte avantajado, ninguém me reconhece e nem ligam para mim, quando me
considero um alagoano assumido. Tampouco procuraram saber o meu nome e até me
ferem com tolas inscrições no meu caule.
Diferentemente,
lá fora sou reverenciado: árvore nacional do Madagascar e emblema nacional do
Senegal.
Todos
os anos lanço belas flores que têm vida efêmera, mas não fecundadas, que só
acontece em condições de clima seco, cuja produção é irregular.
Ainda
sou muito jovem, comparando-me com meus ancestrais africanos, providos de árvores
seculares, ultrapassando os 800 anos, mas estou mirando cada vez mais o céu
para me igualar a esses idosos de minha origem.
É
com tristeza que observo os servidores da Prefeitura preocupados com as obras
físicas, esquecendo a Natureza viva de tantas espécies existentes, sem nunca nos
fornecerem “alimentos” e nem nos protegeram dos inimigos naturais, incluindo o
próprio Homem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário