sábado, 22 de março de 2025

TALENTO E VOCAÇÃO Luiz Ferreira da Silva, 88 É muito comum atribuir-se a uma pessoa a alcunha de burro, tapado ou sem inteligência quando ela tem dificuldades em certa atividade, sobretudo escolar. Uns aprendem rápido, outros nem tanto, a matemática, por exemplo, não significando que estes sejam de segunda classe. Certamente, possui talento para outras matérias. Ou não corre atrás ou não tem vocação para desenvolvê-las. Na minha turma do Liceu Alagoano, Sátiro Marques não era bom aluno e nem se esforçava para sê-lo, abandonando os estudos. Tempos depois, no Aeroporto de Maceió, apreciei um lindo painel de vários metros, que encantava a todos. Procurei ler o nome do autor. Para minha surpresa, era o colega, que se tornou um artista reconhecido internacionalmente. Ele, simplesmente, foi buscar lá nos recantos genômicos, um talento escondido e, ao invés, de deixá-lo adormecido, deu vasão à sua vocação e cresceu com seu desprendimento e amor pela arte. Não adianta se achar inteligente e não ser ativo. Todos que vencem lutam pelas conquistas. Nada cai do céu. Como diziam os antigos: Deus ajuda a quem cedo madruga. Por outro lado, temos uma caixa cerebral, que não sei a cor, constituída de uma série de indicativos referentes à nossa capacidade produtiva. Uns com grau elevado, outros nem tanto, mais capazes de dar sentido a vida útil e prazerosa. Basta serem cutucados e ter perseverança. Cora coralina veio descobrir sua veia literária depois dos 70. É um bom exemplo dessa vocação hibernada. Paulinho da Viola se descobriu carpinteiro das horas vagas, associando ao seu dom maior, a música. Pensando nisso fui mexer nos meus neurônios e encontrei na escrita um meio salutar de “me empregar”, preenchendo o meu tempo de modo prazeroso. Sem o alto grau dos grandes literatas, mas com o desejo de ser útil e não ter os dias maçantes como muitos idosos, carentes de uma atividade que lhes der sentido à vida. Virei um “escrevinhador”, que me faz um bem danado e até possuo leitores que os apreciam. Assim, contando os livros técnicos, alguns advindos da minha formação profissional, já publique na fase pós-aposentadoria, uma coletânea de livros, abrangendo diversos temas. Finalizando, convoco os meus colegas “oitentrinos”, bem como aqueles recém aposentados, que busquem uma atividade nata lá no fundo daquela caixa, que me referi anteriormente, pois pode dar samba! (Maceió, AL, 18-01-2025).

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