AS
CRIANÇAS POBRES DE ONTEM
Luiz Ferreira da Silva, 87
(88 em fevereiro/2025)
No
meu tempo, década de 40, os pais orientavam os filhos pelo caminho do Grupo
Escolar, almejando uma melhor formação que não tiveram, por sentirem na pele
essa limitação de crescer na vida.
Ademais
da aritmética aprendida na base da palmatória, havia a educação cívica através
dos hinos da república e do passo certo nas marchas do 7 de setembro.
A
Mestra era uma figura respeitada pelos meninos, via orientação dos pais, e
admirada na comunidade, ao ponto que seu esposo era conhecido como o marido da
professora.
No
espeço escolar, todos tinham um sentimento de
grupo, cujas brincadeiras eram em conjunto, tornando-as mais prazerosas e disponíveis,
bem diferentes da década atual, individualizada pelo celular.
A dor ensinava a gemer.
Como não dispunham de brinquedos e não tinham grana, os meninos desenvolviam a
criatividade e a habilidade em fazer objetos e bolar maneiras de diversão. O
próprio Grupo lhes facultava ofícios diversos, a exemplo da carpintaria.
Com as pequenas coisas,
cultivavam a felicidade, demonstrando que nem sempre os bens materiais e a
riqueza são fontes de alegrias e bem-estar.
Ninguém se encucava com um
castigo e, tampouco, caía em depressão, palavra desconhecida, e nem recorria a
um psicólogo, figura de ficção na época.
Mais tarde, por não terem
condições financeiras para prosseguir os estudos na capital, tão cedo se
iniciavam numa arte que melhor se coadunasse com seu talento, na expectativa de
que seus filhos realizassem seu sonho de vencer a pobreza pelo caminho dos
estudos.
Dessa forma, com muito
esforço, a única maneira de se acabar com a nossa pobreza é investir na Escola
Pública, fornecendo os meios necessários para que as crianças possam estudar em
tempo integral, ao invés das “bolsas-esmolas” eleitoreiras.
E o Brasil, tem dinheiro
de montão, cabendo tamponar os ralos da corrupção pública e puxar as orelhas
dos nossos governantes, como as nossas professoras faziam com os meninos
danadinhos. (28.01.2024)
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