quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

 

AS CRIANÇAS POBRES DE ONTEM

          Luiz Ferreira da Silva, 87

         (88 em fevereiro/2025)

 

No meu tempo, década de 40, os pais orientavam os filhos pelo caminho do Grupo Escolar, almejando uma melhor formação que não tiveram, por sentirem na pele essa limitação de crescer na vida.

Ademais da aritmética aprendida na base da palmatória, havia a educação cívica através dos hinos da república e do passo certo nas marchas do 7 de setembro.

A Mestra era uma figura respeitada pelos meninos, via orientação dos pais, e admirada na comunidade, ao ponto que seu esposo era conhecido como o marido da professora.

No espeço escolar, todos tinham um sentimento de grupo, cujas brincadeiras eram em conjunto, tornando-as mais prazerosas e disponíveis, bem diferentes da déca­da atual, individualizada pelo celular.

A dor ensinava a gemer. Como não dispunham de brin­quedos e não tinham grana, os meninos desenvolviam a criatividade e a habilidade em fazer objetos e bolar maneiras de diversão. O próprio Grupo lhes facultava ofícios diversos, a exemplo da carpintaria.

Com as pequenas coisas, cultivavam a felicidade, demonstrando que nem sempre os bens materiais e a riqueza são fontes de alegrias e bem-estar.

Ninguém se encucava com um castigo e, tampouco, caía em depressão, palavra desconhecida, e nem recorria a um psicólogo, figura de ficção na época.

Mais tarde, por não terem condições financeiras para prosseguir os estudos na capital, tão cedo se iniciavam numa arte que melhor se coadunasse com seu talento, na expectativa de que seus filhos realizassem seu sonho de vencer a pobreza pelo caminho dos estudos.

Dessa forma, com muito esforço, a única maneira de se acabar com a nossa pobreza é investir na Escola Pública, fornecendo os meios necessários para que as crianças possam estudar em tempo integral, ao invés das “bolsas-esmolas” eleitoreiras.

E o Brasil, tem dinheiro de montão, cabendo tamponar os ralos da corrupção pública e puxar as orelhas dos nossos governantes, como as nossas professoras faziam com os meninos danadinhos. (28.01.2024)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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