quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

 

O BORBULHAR DA MINHA MEMÓRIA

Luiz Ferreira da Silva, 87

Engenheiro-Agrônomo e Escritor

luizferreira1937@gmail.com

 

Texto, Carta

Descrição gerada automaticamente

 

Acabo de ler o livro do Nireu Cavalcanti, com o título, borbulhar da memória, retratando literalmente a sua família. A dedicatória expressa um momento de lembrança eivada na amizade.

E quem é esse alagoano que migrou para o Rio de Janeiro por contingências da política estúpida do interior nordestino, cujo irmão mais velho, Gilberto, foi vítima?

Simplesmente, para não me alongar, arquiteto, pintor, desenhista e historiador. Um dos membros de uma família edificada pelo casal Júlio e Maria, lá de Capim, hoje, Olivença.

Sinto-me presente nas belas narrativas da epopeia narrada a 10 mãos – Nireu, Hermano, Luitgarde, José e Luciaurea – aflorando à minha memória, uma lembrança que permanece fincada na minha cachola.

Refiro-me ao irmão número 3; Julmário, meu colega do Colégio Estadual de Alagoas, cuja amizade fraterna nasceu no primeiro dia de aula numa situação inusitada.

Em 1951, os calouros que lograram êxitos no “vestibularzinho” (exame de admissão) se encontravam em frente ao portão de entrada do educandário, sob a marquise do foto-fon, apavorados ante os veteranos que lá se postavam para “recepcioná-los” com cocorotes e reguadas.

E assim, os colegas iam sendo batizados. Julmário, que não o conhecia, se aproximou e me propôs ficar na moita, até que todos adentrassem. Apoiei a ideia e em desabalada carreira, com os livros na cabeça, passamos ilesos pelas brechas, deixando os algozes com caras de trouxa.

Daí para frente, ficamos amigos. Como morava na Rua Zacarias de Azevedo, cujo percurso era pela Rua Dias Cabral, fazia uma parada na sua residência, possibilitando-me enturmar com o Emmanuel, Hermano, Nireu e José. Luitgarde era a princesa da casa. Deve ter passado a coroa à Luciaurea, que chegou tempos depois.

Era lúdico a gente se amoitar no fundo do quintal, escondidos nos arbustos, e expor as nossas fantasias de adolescentes, eivadas de sonhos eróticos e muitas mentiras.

Pulando 11 anos, reencontrei o amigão, que já morava no Rio de Janeiro, por ocasião da minha formatura, dezembro de 1962 (UFRRJ/Seropédica). Ele compareceu e fiquei muito feliz,

Nesse instante, hoje, 74 anos após o estopim da nossa amizade, lendo o livro do Nireu, aquilato o quanto é extraordinário se cultivar um AMIGO, pois permanecerá vivo independentemente do tempo e da presença física.

Portanto, lembrar-se de um momento marcante é se rejuvenescer constante! E, dessa forma, continuo a frequentar a Rua Dias Cabral, número 124, como se fosse hoje. (Maceió, AL, 31.01.2025).

 

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