quarta-feira, 12 de março de 2025

 

NOS TEMPOS DO CAMINHÃO DO OVO

Luiz Ferreira da Silva, 88 

Estava no elevador dos “Quintas do Morumbi”, em Sampa, anos atrás, quando entrou uma Senhora esbaforida e me disse – é a segunda vez que perco o caminhão do ovo.

O condomínio tem 11 torres com 4 entradas e o vendedor com seu megafone anunciava a caixa de 30 ovos a 10,00 na outra rua lateral, oposta à da moradora.

Com todo o esforço, chegando ao portão 4, o caminhão já se mandara pela rua Nilza Medeiros em direção à avenida Giovanni Gronchi, em atendimento a outros fregueses.

Era uma outra época de alegria nos aviários, com rações baratas, temperatura agradável e poedeiras desestressadas, diferentemente de hoje com o milho lá nas alturas e outras necessidades sanitárias a preço de dólar. Sem se falar na inflação.

Daí, de 10,00 para mais de 30,00, sem que o poder aquisitivo da classe média para baixo tenha empinado para cima, afetando milhões de brasileiros.

Nunca o ovo foi tão protagonizado na mídia quanto agora, chegando à cozinha do Palácio da Alvorada, não pelo custo, pois quem paga somos nós, mas pelo que pode abalar a reputação política do Presidente.

Temendo a indignação dos seus eleitores, condenou tal alta, jurando que o preço vai baixar - “Eu tenho certeza de que a gente vai conseguir fazer com que o preço volte aos padrões do poder aquisitivo do trabalhador".

As galinhas devem estar assustadas em seus poleiros; “oxente, ele quer controlar até as nossas cloacas”?!

 

 

 

 

 

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