terça-feira, 28 de novembro de 2023

UMA NOVA VISÃO DA CACAUICULTURA


 

ESTADUALIZAÇÃO DA CACAUICULTURA

Luiz Ferreira da Silva, 86

(luizferreira1937@gmail.com)

 

(O belo edifício do ICB, patrimônio cultural)

 

No século XIX a economia baiana já dava sinais de dificuldades internas de produção, ou externas de comercialização dos produtos constantes de nossa pauta de exportação: açúcar, fumo e algodão. O açúcar, principal produto de exportação da então Província da Bahia, entrou em crise no final desse século, porém, um novo produto despontava: o cacau. A estreita faixa da cidade na parte baixa inseriu-se no processo de modernização na primeira década do referido século com a ampliação do porto. Nesse espaço, próximo à área portuária, foi erguido o edifício sede da lavoura cacauicultora baiana. O Instituto do Cacau da Bahia. Coube ao Dr. Ignácio Tosta Filho, Secretário de Agricultura, defensor de medidas de amparo à produção e comercialização do cacau baiano, a concepção e criação do Instituto, em 1931. (Fonte: Ipac-BA).

Em 05/11/2002, o edifício sede na Avenida França s/n – Comércio – Salvador/BA foi tombado como patrimônio artístico e cultural.

Quando cheguei na Região, em 1963, ainda usufrui de ações do ICB, através de seus ónibus que prestavam um serviço inestimável a toda região do cacau. Ainda alcancei os postos de compra-e-venda do produto e a Estação de Água Preta com seus pesquisadores de renome.

Na sua época, antes da existência da CEPLAC, quando a região sul baiana era carente em tudo, o ICB foi tão importante quanto a CEPLAC da década de 60. Ou até foi mais.

Esse introito é para desenvolver uma ideia sobre a cacauicultora de hoje, federalizada, que passa por uma crise sem precedentes e, na minha cabeça, ela é “one way” (sem retorno).

Eu me pergunto para tentar entender o problema:

*. O que representa o cacau para a economia do país?

*. Que importância estipendiária para o agronegócio brasileiro?

*. Que tamanho ele se apresenta aos olhos da EMBRAPA, cujo foco maior é o Centro-Oeste, por diversas razões?

Bem, isso é suficiente para o meu repensar. O cacau nada representa para o país, mas pode ser a tábua de salvação para os Estados.

Antes de me refutarem que nada funciona a nível dessa gerência publica, fui buscar três simples exemplos de Instituições Estaduais de excelência, atestando o contrário. O Instituto Agronômico de Campinas/SP, a EPAMIG/MG e o IAPAR/PR. O governo federal entra de parceiro, mas a hegemonia é deles. A EMBRAPA não canta de galo e precisa mais deles do que eles dela.

Então, que tal, Governador Helder Barbalho, criar o Instituto do Cacau do Pará? E o Governador Marcos Rocha de Rondônia ir ao mesmo caminho, fundando o Instituto de Cacau de Rondônia?

Em ambos os casos, é fundamental buscar um líder inspirado no Tosta Filho, criador do Instituto de Cacau da Bahia e na força de trabalho contaminante de Frederico Afonso.

Não há uma perseguição à CEPLAC, querendo fechar as suas portas? A hora deve ter chegado de modo indolor. Os novos organismos absorveriam, em comodato, o patrimônio físico e formariam seus novos times.

E a Bahia? É um caso mais complicado por suas linhas cruzadas e falta de liderança. Mas, creio ser possível, revivendo o simbolismo da fénix: renascer das próprias cinzas. (Maceió, AL, 28.11.2023).