O MANJAR DOS DEUSES
PARA A MESA DOS
RICOS.
Luiz Ferreira da
Silva, 87
(De sol a sol/roça de cacau); suor e pouco "dindim")
(Indústria na Suíça; sombra e muitos euros)
A
cacauicultura baiana sempre viveu em crises e os produtores recorrendo aos
bancos para saldar suas dívidas, por diversos motivos, incluindo preços ditados
por agentes internacionais, sem que possam dar um pio, quando são eles os
protagonistas principais.
No
entanto, nunca se soube de uma crise nas indústrias chocolateiras lá dos países
maravilhas, ricos e gestores dos produtos agrícolas produzidos pelos países
pobres. A Mars, a Nestlé, a Cadbury e tantas outras sempre faturaram sem
quaisquer óbices.
Então,
prezado leitor, concluo: “CULTIVO PRODUZIDO POR POBRES PARA OS RICOS SE
REFASTELAREM”, NÃO É UMA BOA LABUTA AGRÍCOLA”. Desequilíbrio com a gangorra
sempre pesada para os produtores.
Enquanto
isso, os suíços e belgas que jamais viram um pé de cacau, enchem os bolsos de
euros com o suor dos morenos peões sul baianos . E os nossos ricos ainda
contribuem com a aquisição de chocolates finos alienígenas.
Como
alterar essa equação tão cruel para quem produz?
Em
1970, estive em Chigorodó, Colômbia, que estava implantando um polo cacaueiro,
visando suprir o se déficit de consumo. O país produzia 15.000 toneladas e
importava outras tantas para satisfazer a sua demanda.
Mas
não se comia chocolate, porém se bebia chocolate. Eu disse chocolate, ou seja,
xícaras com “suco” de sustança, e não toddy ou achocolatado que, de cacau, só
tem o cheiro.
Então,
Brasil Varonil, vamos beber chocolate, iniciando um projeto estratégico de
consumo interno, na expectativa de, em 10 anos, mudar a atual matriz de
comercialização do cacau.
Inicialmente,
ações do governo via CONAB, abastecendo as merendas escolares; as rações das
forças armadas; as repartições públicas. Em consonância, campanhas de estímulos
ao consumo da bebida e incentivos às fabriquetas de chocolate com cacau
produzido no país, mesclando as amêndoas baianas com as da Amazônia,
aproveitando algumas características diferenciais. Jamais importação para “blended”.
E
dessa maneira, os produtores iriam se organizando comercialmente através de
cooperativas ou grupos associativos, passando de simples figurantes, como
dantes, à condição de atores principais; artistas, de fato e não “bandidos”,
como os das fitas de meus tempos do cine-ideal, 1950. (Maceió, 27.04.2024).
Nenhum comentário:
Postar um comentário