JESUS E OS NOVOS
VENDILHÕES DO TEMPLO
Luiz Ferreira da Silva
luizferreira1937@gmail.com
Os colegas Tourinho e Manoel Macedo, cientistas sociais de renome, em
um artigo aguçou a minha mente, com esses dois parágrafos.:
No último pleito para eleição do presidente
da República, as religiões desligaram dos céus e ligaram os seus discursos e
práticas na terra, apenas na terra. E o pior, como diz José Antônio Pagola na
obra O Caminho Aberto por Jesus,
“infelizmente, o cristianismo, como é vivido hoje por muitos, não suscita
‘seguidores’ de Jesus, mas só adeptos de uma religião”.
As Igrejas, acantonadas em cada esquina
citadina viraram células político-partidárias, verdadeiras “seitas””, que
induzem os seus adeptos a apoiar candidaturas profetizadas como messiânicas,
embora passantes ao largo do caminho de Jesus. Inúmeros desses “profetizados”
chegam ao Congresso Nacional com a Bíblia debaixo do braço, e se tornam
imediatamente integrantes de grupos de pressão, que se sentem superiores na
estrutura de poder a exemplo da bancada evangélica, da bala, do boi, entre
tantas. Em verdade, Jesus Cristo, não
criou nenhuma igreja e nem religião, ele trouxe um projeto civilizatório, muito
além de seu tempo.
Isso
me fez voltar a um livro que li, anos atrás, que me provocpu um bem danado e
passei a “usar” Jesus de uma outra maneira.
Em seus passos o que Jesus faria? ... Charles
Sheldon narra as profundas mudanças que ocorrem quando um pastor desafia sua
comunidade a praticar a fé em Jesus Cristo, com uma simples pergunta: “o
que Jesus faria em meu lugar” que passou a nortear as minhas ações.
Jesus
criou o manual de comportamento humano, dando régua, compasso, bussola,
teodolito e mouse; e reinventou a fé. Não edificou igrejas, mas fincou nos
nossos corações a Igreja do bem.
No
entanto, o Homem desvirtuou e, o pior, passou a usá-LO para se locupletar; meio
de cultura para os políticos malfazejos, para os espertinhos de Bíblia nas
mãos, para os manipuladores dos pobres, satanizando Deus.
Veja
o paradoxo que deve preocupar Cristo lá no Céu: ao invés de seus ensinamentos
estarem contribuindo para o bem da humanidade, constata a má interpretação de
muitos, sobretudo a classe política, para benefícios próprios, à semelhança dos
vendilhões do templo, expulsos da Casa do Senhor.
Encerrando,
bato na tecla que ser uma pessoa do bem é muito simples. Basta, como expos
Sheldon, se colocar no lugar de Jesus toda vez que que se deparar ante uma ação,
uma decisão, um momento de aflição. Como Ele procederia?
Não
precisa ficar querendo que Cristo resolva seus problemas, pois já lhe ajudou demais
com seu vade-mécum ... e sem cobrar dízimo. (Maceió,
08/04/2024).
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