sexta-feira, 19 de abril de 2024

PRAIAS SELVAGENS

 

A MINHA PRAIA

Luiz Ferreira da Silva, 87

 

 

Tenho uma identidade muito grande com o mar. Nasci em Coruripe de praias lindíssimas. Vim morar em Maceió e cresci me deleitando com a beleza da praia da avenida. Fui para o Rio de Janeiro e tomei muitos banhos na praia de Itacuruçá. Conclui meu curso de agronomia na UFRRJ e fui prestar serviços no Sul da Bahia, usufruindo das águas límpidas do mar de Ilhéus. Aposentado, voltei à terra dotada de uma orla sem igual, tanto na capital, quanto no litoral de norte a sul.

Então: 

*. Sou do tempo das praias sem calçadão, sem semáforo e sem luzes de led.

*. Sou do tempo das praias com ouriços, areias brancas e salsas para se brincar de “saltar corda”.

*. Sou do tempo do “pegar jacaré”, pular dos trapiches e descer das dunas em palhas de coqueiros.

*. Sou do tempo de olhar o céu estreado, comer peixe frito e buscar castanhas.

*. Sou do tempo de pegar siris com jereré, guaiamuns nas restingas com latas de óleo e comer guajurus.

*. Sou do tempo do banho morno das tardes, emanando saúde salitrada, sem plásticos boiando e nem garrafas pet.

*. Sou do tempo do caminhar rés aos mangues, ouvindo o barulho dos aratus nas árvores, os caranguejos peludos se enlameando e as aves se alimentando das piabinhas.

*. Sou do tempo de se ouvir o ronco do mar, do apanhar conchinhas e do se escaldar sob o sol inclemente.

*. Sou do tempo dos vendedores de bolo em fatias, dos pés de moleques nas folhas de banana e beijus chapéu de coro.

Enfim, como vês, caro leitor, não existe mais a minha praia! (Maceió, 19.04.2024).

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário