quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

ÉRAMOS 6

 

      ÉRAMOS SEIS (6)

Luiz Ferreira da Silva, 87

Coruripe, AL. José Ferreira da Silva e Hermínia Maria da Silva, respectivamente, Piaçabuçu e Barra Nova, se encontraram e formaram uma família.

Estabeleceram-se em Coruripe, na rua das vassouras, onde nasceram: Hermenegildo (1925), Sizino (1927), Milton (1928), Arthur (1930), Virgílio (1933) e Luiz (1937).

Com 65 anos, meu pai empreendeu sua viagem estelar. Dona Hermínia assumiu a tarefa de educar os filhos, contando com a pensão de condutor de malas dos correios, função que o marido exerceu por muitos anos.

Os meus pais se isolaram das famílias de origem. Mesmo não muito longe geograficamente, as distân­cias eram enormes em termos de dificuldades de transporte. O que fosse inviável ao burro, não se aventuraria ou eram as poucas opções de locomoção. Dessa forma, formamos um núcleo isolado. Não convivemos com tios, avós, primos.

A turma ultrapassou os umbrais da pobreza interiorana nordestina, galgando voos mais altos, atingido degraus da escada socioeconômica, através do estudo, trabalho honesto, persistência e fé no futuro. E, dessa forma, produziram frutos (filhos e netos) que elevaram tal patamar: médicos, engenheiros, advogados, administradores, arquitetos, tecnologia da informação, nutricionistas, psicólogos, turismo etc.

Muito cedo, com 36 anos, os números 1 e 3 nos deixaram. Ambos, vítimas de endemias rurais – esquistossomose- uma saga da realidade sanitária nordestina que, até hoje, persiste.

Seguiram-se para outro plano, os demais – números 2, 4 e 5 -, respectivamente com 74, 65 e 81 anos.

Eu, o chamado ponta de rama – caçula – fiquei para contar a história da família, que registrei em livros, sobretudo - Velhos Tempos de Infância. 2015. Scortecci Editora, São Paulo, SP, 101 páginas.

Já se passaram 87 anos. Felizmente com capacidade intelectual e ainda sem necessitar de acessórios para me movimentar. Comigo, outra representante da velha guarda, Neyde Roquette, esposa do Virgílio, 91 anos, formando a dupla remanescente, testemunhas e partícipes efetivos da epopeia da modesta, mas magnânima, família FERREIRA.

Em 1993, reuni as famílias de 3 irmãos, na Lagoa do Pau/Coruripe-AL, conforme a figura anexada. Um encontro significativo. Foi a última vez. Valeu! (Maceió, 15/02/2024).

 

 (Encontro dos Ferreiras: Sizino, Virgílio e Luiz)

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