quinta-feira, 6 de novembro de 2025

GRATUITO OU GRATUÍTO?

PALMATÓRIA. Quando eu tinha 11 anos o Professor Manoel Cecílio de Jesus, um negro, dono do Instituto São João, em Coruripe , nos ensinava na base da palmatória. Dizia ele que a pronúncia correta era GRATUITO, ditongo e não GRATUÍTO, hiato. Quando algum aluno se equivocava, tomava uns “bolos” ( mão aberta e a sucupira redonda ensinando por vias tortas). Se fosse hoje, o Mestre se cansaria com sua palmatória aplicando nas mãos dos que não aprenderam com ele. E haja palmatórias de sucupira preta! (LFS, 05/11/2025).

HAMAS

O NOSSO HAMAS? Luiz Ferreira da Silva, 88 Esse negócio de “teje preso”, não funciona pelas quebradas da bandidagem, sobretudo nos morros cariocas. Prende hoje e a justiça solta amanhã. Se ficar preso, tem regalias e comanda lá de dentro. E assim se estruturou um quarto poder, que deita e rola sobre os outros três, como um polvo atingindo a todos com seus tentáculos. O CV se agigantou sob o olhar passivo do governo e se transformou numa quadrilha que ultrapassou os umbrais do país e, com a sua caixa estipendiária vai corrompendo a tudo e a todos, criando um lastro de impunidade. O Brasil se rende aos marginais e vai perdendo a sua soberania territorial, haja vista o domínio deles em diversas áreas, a exemplo das favelas do Rio de Janeiro. Há muitos anos, 1980, vi coisa parecida no filme ´- O expresso da Meia Noite – onde a corrupção dominava e o horror acontecia nos presídios. Diante desse cenário brasileiro, com uma justiça lenta e o problema virando prato cheio ideológico, além dos filósofos e “onguistas” defensores dos direitos humanos num só sentido, o que se fazer? O Governador do Rio, usou a força bruta, numa visão de guerra é guerra e mandou seus bravos soldados, arriscando a sua própria vida, haja vista a vantagem geográfica dos bandidos, com suas trincheiras naturais e “olheiros” de plantão. E deu no que deu. Para muitos, um fracasso, pois morreram 4 militares. Para o comandante, ação exitosa com a baixa de mais de uma centena de traficantes, além de prisões e apreensão de armas e drogas. E nesse imbróglio, o Governo Federal se diz estarrecido com as mortes e, para tapar o sol com a peneira, manda para o Rio os seus assessores, quando deveria estar presente, levando soluções plausíveis, deixando de lado a sua contumaz lábia, agora mais arrogante com a sua pretensa entronização de estadista. (30.10.2025)

JOGO DO BICHO

SÓ NO PAPEL. Luiz Ferreira da Silva, 88 Depois da atitude do Governador Cláudio Castro, preenchendo um vazio da omissão de combate ao crime organizado, de repente o Presidente acordou e, a toque de caixa, mostrando-se o tal, , emite novas normas de combate ao crime organizado. Lei no Brasil é só no papel; inclusive, muitas vezes, é uma estratégia para tapear a população. Dificilmente, se transforma em ações operantes. E, no geral, só se aplica em benefícios dos poderosos. O único papel, no Brasil, que tem valor é a “poule” do jogo de bicho: VALE O QUE ESTÁ ESCRITO. E o Rio de Janeiro sabe disso desde 1892, quando o Barão de Drumond i inventou essa “bet” genuinamente carioca.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

AMAZÔNIA

QUEM AMA A NATUREZA REVERENCIA A AMAZÔNIA> Luiz Ferreira da Silva, 88 e Manoel Malheiros Tourinho, 85 Engenheiros Agrônomos Pesquisadores aposentados (CEPLAC), respectivamente em Ciências do Solo e Ciências Sociais. A Natureza, aqui se refere ao complexo fito-zoo-ecológico constituído de seres humanos e não humanos, plantas, animais, solo e água. Em equilíbrio, há a harmonia em todos os seus componentes, que se constituem de elos de uma cadeia holística, sistêmica, cada qual com sua missão definida e responsabilidade comprometida. São muitos ensinamentos nessa cadeia sistêmica a nos orientar. Negligenciar tais ensinamentos, sábios e Divinos, corremos o risco da nossa própria sobrevivência. Neste contexto, a Amazônia expressa a Natureza viva, pujante, como um livro aberto, rico em ensinamentos sistêmicos, onde a cooperação e não a competição, nos orienta. Infelizmente a maioria dos investidores são incompetentes funcionais, de elevada má fé com a natureza amazônica, não conseguem fazer a leitura da obra que o Criador colocou a disposição não do egoísmo, mas da humanidade solidaria e pacífica. O egoísmo lhes traz a cegueira que não lhes permite captar as mensagens de convivência compartilhada em mão dupla. Um exemplo disso é o seu RG florestal; mata fechada, mesmo em áreas de solos pobres, indicando que a vocação agrícola dessas terras é a florestal. Em outras palavras, possui DNA dos cultivos perenes, principalmente em contextos agroflorestais, pouco alterando o solo, um componente vital ao ecossistema úmido tropical. Para que o leitor possa entender, uma agricultura que poderia ser chamada de “ombrófila”, na qual o pé de pau é quem manda, é quem rege. Os cultivos que se adaptem a ele! Eles vieram depois; intrusos. E como tal, não se deve colocar o Bioma na lógica do intruso, do invasor, do explorador e sim o contrário. Seguindo esse raciocínio, plantar feijão, milho e soja, dentre tantos cultivos anuais, que exigem mexer muito com o solo, não parece uma opção consentânea à natureza desse ecossistema. A menos que as inteligências aquarteladas na EMBRAPA e Universidades Federais se movam para a produção ombrófila. O que se perder em produtividade se ganha em dignidade. A própria Natureza nos mostra esta assertiva com um de seus componentes espalhados pelas várzeas, o cacaueiro, que convive com a floresta, participando ativamente do processo de reciclagem, contribuindo para a manutenção do complexo edáfico. E os pioneiros baianos, sem anel nos dedos e sem ser alcunhados de empreendedores das “plantations”, souberam trilhar as plantações de cacau, raleando um pouco a mata, deixando os jequitibás, os vinháticos, as sapucaias os jatobás, as cajazeiras em seus nichos, além de enriquecer o ecossistema com os pés de jacas e outras fruteiras. Da mesma forma, o caboclo de Cametá, município paraense banhado pelo rio Tocantins, com suas várzeas de solos ricos, cultiva o cacau convivendo com a Natureza. Na contramão, o Homem na sua insensatez, no Estado do Pará, quanto no Sul da Bahia, desmatou com a visão de ganhar com a madeira secular, queimando os restolhos, e plantando capim, deteriorando o complexo físico-hídrico, por um lado, e pondo em risco de desaparecimento espécies da rica fauna. Ademais, o pior está acontecendo com a planta dadivosa, o cacaueiro, bem da Natureza ao Homem. Pois bem, na onda da chamada agricultura de precisão, com a aplicação de altos insumos e máquinas sofisticadas, começa a se ver o cacaueiro, ao invés de fruto-ouro, no sentido da bela cor de seus frutos, como fruto-prata (dinheiro), explorado a pleno sol, substituindo a condição original de cultivo ecológico pelo de visão puramente economicista. Que se dane a Natureza! Portanto, caro leitor, de modo sucinto, os autores estão tentando abrir os olhos quanto aos grandes projetos, tanto agrícolas, quanto de exploração de petróleo, além de geração de energias, comprometendo todo arcabouço montado pela Natureza, desequilibrando seu sistema holístico, integrado e interativo. É só para PENSAR! (30.07.2025).

sábado, 22 de março de 2025

LUIZ GONZAGA

O REI DO BAIÃO Luiz Ferreira da Silva, 88 Apesar do Brasil ser uma República, Luiz Gonzaga é Rei. Os demais por aí, exceto Pelé, não passam de súditos. Um gênio nordestino, sem igual em nenhum lugar do mundo, com um ecletismo filosófico, que resumo a seguir: (1) Como Cantor, vozeirão chamando a boiada no clássico “Boiadeiro”, com um apelo forte à vida do sertão. Vai boiadeiro que a noite já vem Guarda o teu gado e vai para junto do teu bem (2) Como Sociólogo, retrata sentimentos profundos relacionados à sina do nordestino que tem que deixar sua terra, com perdas, incluindo seu amor, morrendo de saudades, externado na Triste Partida: Eu vendo meu burro Meu jegue e o cavalo Nós vamos a São Paulo Viver ou morrer (3) Como Endocrinologista, expõe a realidade íntima das meninas que começam a sonhar com o amor à medida que suas gônadas entram em atividades: Mandacaru quando fulora na seca É o sinal de que a chuva chega no sertão Toda menina que enjoa da boneca É sinal de que o mor já chegou no coração. (4) Como Ator, declama seu monólogo, Carolina com K, abordando a figura de uma mulher, descrevendo seu charme e beleza, sob um amor intenso e apaixonado. Lá para as tantas, levando-a para as moitas, dá um recado aos estupradores e desrespeitadores das mulheres de hoje, quando diz: Mulher querendo é bom demais! (5) Como Compositor, Asa branca é considerada uma das 3 mais belas canções da MPB , rivalizando com Carinhoso de Pixinguinha e Chão de estrelas, de Sílvio Caldas. Uma melodia tocante e profunda, que representa a esperança de retorno e a saudade da terra e da família: Quando o verde dos teus oios Se espaiar na plantação Eu te asseguro, não chore, não, viu Que eu vortarei, viu, meu coração. (6) Como Instrumentista, tirando acordes belíssimos em sua sanfona, encantando o mundo num dueto com Sivuca, outro gênio dos teclados móveis, ambos forjados no duro chão nordestino. Luiz, tocando marchinhas do São João, provoca um fervor nos corações das pessoas, impulsionando-as ao “mexe-mexe”. (7) Como Professor, que o diga Dominguinhos, expoente máximo da sua aprendizagem. Nunca se negou a transmitir seus conhecimentos e formar sanfoneiros, com humildade e alegria na alma. (8) Como Humano, ia aonde o povo estava, como mais tarde Milton Nascimento alertava. Para que os da roça e pobres pudessem lhe ver cantando, nunca cobrou ingresso em suas aparições. Conseguia um patrocinador e num palanque simples numa praça grande ou num terreno amplo e sem cerca, brincava com os matutos e deixava todo mundo feliz. Ele, mais ainda. (9) Como Benemérito, protegia os seus, os da sua terra, os do seu convívio, com uma simplicidade de dar inveja, Tinha, como ele mesmo cantou, um coração molim: Meu coração é feito de manteig de pudim, molim, molim, molim... (10) Como Inventor do baião, transformou o “São João”, festa que ele se inspirou no roçado pequeno produtor e no sentimento pelos Santos da época – São José, Santo Antônio, São João e São Pedro a maior festa do mundo; mais de 30 dias de arrasta pé: Ai São João, São João do carneirinho Você é tão bonzinho Fale com São José Peça para ele me ajudar Peça para o meu mio dar 20 espigas em cada pé. Então, prezado leitor, sobretudo da faixa jovem, o que dizer mais do Lua, como carinhosamente era chamado pelos íntimos? Um Homem iluminado, orgulho nordestino, patrimônio brasileiro. (18.09.2024)
TALENTO E VOCAÇÃO Luiz Ferreira da Silva, 88 É muito comum atribuir-se a uma pessoa a alcunha de burro, tapado ou sem inteligência quando ela tem dificuldades em certa atividade, sobretudo escolar. Uns aprendem rápido, outros nem tanto, a matemática, por exemplo, não significando que estes sejam de segunda classe. Certamente, possui talento para outras matérias. Ou não corre atrás ou não tem vocação para desenvolvê-las. Na minha turma do Liceu Alagoano, Sátiro Marques não era bom aluno e nem se esforçava para sê-lo, abandonando os estudos. Tempos depois, no Aeroporto de Maceió, apreciei um lindo painel de vários metros, que encantava a todos. Procurei ler o nome do autor. Para minha surpresa, era o colega, que se tornou um artista reconhecido internacionalmente. Ele, simplesmente, foi buscar lá nos recantos genômicos, um talento escondido e, ao invés, de deixá-lo adormecido, deu vasão à sua vocação e cresceu com seu desprendimento e amor pela arte. Não adianta se achar inteligente e não ser ativo. Todos que vencem lutam pelas conquistas. Nada cai do céu. Como diziam os antigos: Deus ajuda a quem cedo madruga. Por outro lado, temos uma caixa cerebral, que não sei a cor, constituída de uma série de indicativos referentes à nossa capacidade produtiva. Uns com grau elevado, outros nem tanto, mais capazes de dar sentido a vida útil e prazerosa. Basta serem cutucados e ter perseverança. Cora coralina veio descobrir sua veia literária depois dos 70. É um bom exemplo dessa vocação hibernada. Paulinho da Viola se descobriu carpinteiro das horas vagas, associando ao seu dom maior, a música. Pensando nisso fui mexer nos meus neurônios e encontrei na escrita um meio salutar de “me empregar”, preenchendo o meu tempo de modo prazeroso. Sem o alto grau dos grandes literatas, mas com o desejo de ser útil e não ter os dias maçantes como muitos idosos, carentes de uma atividade que lhes der sentido à vida. Virei um “escrevinhador”, que me faz um bem danado e até possuo leitores que os apreciam. Assim, contando os livros técnicos, alguns advindos da minha formação profissional, já publique na fase pós-aposentadoria, uma coletânea de livros, abrangendo diversos temas. Finalizando, convoco os meus colegas “oitentrinos”, bem como aqueles recém aposentados, que busquem uma atividade nata lá no fundo daquela caixa, que me referi anteriormente, pois pode dar samba! (Maceió, AL, 18-01-2025).

quarta-feira, 12 de março de 2025

 

SABER VIVER É SABER MORRER.

Luiz Ferreira da Silva, 88

luizferreira1937@gmail.com

 

A morte é justa e ninguém escapa ou a corrompe. Por mais poder e dinheiro que tenha um político, afanador do dinheiro público, ela não se vende e nem quer papo. “Vim te buscar e não quero conversa fiada”!

A vida não teria sentido e o mundo se tornaria um desastre total, sem amarras, sem respeito e sem líderes, se permanecêssemos vivos flanando na terra.

Trata-se do ato final da vida, inexorável, mas que poucos tem coragem de colocá-la na sua mala de viagem, preferindo deixar a morte de molho ou cozinhando o galo (como demora!), arrepiando-se ao se lembrar dela.

Então, nada de ter medo da morte, mas de morrer. Ou seja, uma passagem num momento em que ainda não precise de curador (a), possa andar sem bengala, saber das coisas e lembrar-se dos seus bons momentos vividos.

Em síntese, não se for com a família aliviada- ELE DESCANSOU. Isso é o fim da picada. Todos torcendo por seu desenlace, haja vista o peso de mantê-lo vegetando. Não é o dito cujo que descansou, mas a família!

Então, o bom para o idoso é ainda se manter em atividades, mesmo limitadas, podendo caminhar na orla ou no parque, tomar um sorvete de graviola e conversar sobre o cotidiano com sabedoria, independentemente da idade, preparado para morrer sem ser um estorvo.

Lógico que se deve procrastinar esse momento de “fechar a conta e passar a regra”, não deixando restos a pagar, mas lembranças a serem transformadas em troféus para os que amou.

É um troféu e bonito de se ver um Senhorzinho ou uma Senhorinha andando por suas próprias pernas, cumprimentando as pessoas e cercado (a) pelo carinho dos seus descendentes e vizinhos. Em outra condição, é muito triste, na contramão da vida, vegetando numa cama e sem autodeterminação.

O adoecer é a questão maior, uma perspectiva assustadora, impondo o medo sobre o curso da vida no aspecto da gravidade e antevisão de prejuízos funcionais, afetando a autodeterminação do idoso.

Cônscio dessa concepção sobre a morte, com 88 anos, mesmo querendo mais, a realidade é essa. Se ela chegar, será benfazeja para mim e para todos que me cercam, sobretudo na condição de vitalidade relativa de hoje.

No frigir dos ovos, o fundamental é se fazer a viagem com a mala arrumada e pronta para embarcar na nave, podendo observar toda a paisagem.

Entretanto, a morte, de um modo geral, é vista bem diferente desta ideia aqui discutida, sendo focada sob outra visão, desde que o mundo é mundo. Lembro muito bem dos velhos da minha época que batiam na tecla:

DEUS É QUE SABE O QUE FAZ E TUDO ESTÁ NAS SUAS MÃOS. ‎(12.03.2025).