ESTADUALIZAÇÃO DA CACAUICULTURA
Luiz Ferreira da Silva, 86
(luizferreira1937@gmail.com)
(O belo edifício do
ICB, patrimônio cultural)
No século XIX a economia
baiana já dava sinais de dificuldades internas de produção, ou externas de comercialização
dos produtos constantes de nossa pauta de exportação: açúcar, fumo e algodão. O
açúcar, principal produto de exportação da então Província da Bahia, entrou em
crise no final desse século, porém, um novo produto despontava: o cacau. A estreita
faixa da cidade na parte baixa inseriu-se no processo de modernização na
primeira década do referido século com a ampliação do porto. Nesse espaço,
próximo à área portuária, foi erguido o edifício sede da lavoura cacauicultora
baiana. O Instituto do Cacau da Bahia. Coube ao Dr. Ignácio Tosta Filho,
Secretário de Agricultura, defensor de medidas de amparo à produção e
comercialização do cacau baiano, a concepção e criação do Instituto, em 1931. (Fonte:
Ipac-BA).
Em 05/11/2002, o edifício
sede na Avenida França s/n – Comércio – Salvador/BA foi tombado como patrimônio
artístico e cultural.
Quando cheguei na Região,
em 1963, ainda usufrui de ações do ICB, através de seus ónibus que prestavam um
serviço inestimável a toda região do cacau. Ainda alcancei os postos de
compra-e-venda do produto e a Estação de Água Preta com seus pesquisadores de
renome.
Na sua época, antes da
existência da CEPLAC, quando a região sul baiana era carente em tudo, o ICB foi
tão importante quanto a CEPLAC da década de 60. Ou até foi mais.
Esse introito é para
desenvolver uma ideia sobre a cacauicultora de hoje, federalizada, que
passa por uma crise sem precedentes e, na minha cabeça, ela é “one way” (sem
retorno).
Eu me pergunto para tentar
entender o problema:
*. O que representa o
cacau para a economia do país?
*. Que importância
estipendiária para o agronegócio brasileiro?
*. Que tamanho ele se
apresenta aos olhos da EMBRAPA, cujo foco maior é o Centro-Oeste, por diversas
razões?
Bem, isso é suficiente
para o meu repensar. O cacau nada representa para o país, mas pode ser a tábua
de salvação para os Estados.
Antes de me refutarem que
nada funciona a nível dessa gerência publica, fui buscar três simples exemplos
de Instituições Estaduais de excelência, atestando o contrário. O Instituto
Agronômico de Campinas/SP, a EPAMIG/MG e o IAPAR/PR. O governo federal entra de
parceiro, mas a hegemonia é deles. A EMBRAPA não canta de galo e precisa mais
deles do que eles dela.
Então, que tal, Governador
Helder Barbalho, criar o Instituto do Cacau do Pará? E o Governador Marcos
Rocha de Rondônia ir ao mesmo caminho, fundando o Instituto de Cacau de
Rondônia?
Em ambos os casos, é
fundamental buscar um líder inspirado no Tosta Filho, criador do Instituto de
Cacau da Bahia e na força de trabalho contaminante de Frederico Afonso.
Não há uma perseguição à
CEPLAC, querendo fechar as suas portas? A hora deve ter chegado de modo
indolor. Os novos organismos absorveriam, em comodato, o patrimônio físico e formariam
seus novos times.
E a Bahia? É um caso mais
complicado por suas linhas cruzadas e falta de liderança. Mas, creio ser
possível, revivendo o simbolismo da fénix: renascer das próprias cinzas. (Maceió,
AL, 28.11.2023).
Nenhum comentário:
Postar um comentário