sexta-feira, 11 de outubro de 2024

 

BOLSA FAMÍLIA, RETROCESSO SOCIAL.

Luiz Ferreira da Silva, 87

luizferreira1937@gmail.com

Luiz Gonzaga em vozes da seca, chamava a atenção: - “uma esmola, seu dotô, a um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”.

O outro Luiz, também nordestino, parece que fez ouvidos moucos ou na sua ganância por votos, de poder desmedido, ao oficializar um monte de benesses aos pobres, com o mote do combate à fome e levá-los a novos degraus socioeconômicos.

E aí tome bolsas de tudo que é jeito e maneira, viciando um bando de desocupados que estão se tornando parias remunerados, estimulando-os a viverem na vagabundagem.

Do dinheiro que recebem dos nossos bolsos, retiram uma boa parte para fazer uma fezinha nos “BETS”, em torno de R&3 bi que, certamente, vão fazer falta à sua mesa.

Adicionalmente, há informações vindas do meio rural que a turma se senta embaixo de uma sombra, para jogar baralha e dominó, enquanto as lavouras carecem de mão de obra.

Veja pois o tiro no pé do governo. Desvia o nosso dinheiro “one way”, cria uma fatia significativa de preguiçosos que jamais darão retorno, tolhendo o desenvolvimento do país pelo dinheiro jogado fora, num país carente de bons serviços.

Nenhum país se tornou desenvolvido- primeiro mundo – com essa estratégia política, que só beneficia à essa classe, do presidente ao vereador, significando um crescimento à moda rabo de cavalo, que cresce para baixo.

Agora, nas eleições 2024, a máquina de dinheiro foi acionada com muitas promessas de novos afagos, incluindo ônibus de graça, bolsas estaduais etc., um chamamento ao voto de cabresto.

Tem que se criar um programa para os pobres? É justo, mas não para dar tudo de graça, mas os ensinando a pescar, ao invés de dar o peixe.

Quando na década de 40, frequentei o Grupo Escolar Inácio de Carvalho, na Cidade de Coruripe, AL, tínhamos aulas no período da manhã, retornando para casa às 12 horas para almoçar. Os alunos levavam seu próprio lanche das 10 horas, geralmente uma fruta da época colhida no quintal. Também uma quartinha para tomar água fresca.

Pela tarde, às 15 horas, o retorno para os trabalhos manuais. As meninas com seus bastidores para aprender bordar e costurar; e os meninos com serras em arco para se iniciar na arte da marcenaria ou alfaiataria.

Todos imbuídos da necessidade de sair da escuridão do analfabetismo e estimulados pelos pais que visualizavam uma vida melhor para os seus filhos, bem diferente da sua trajetória sacrificada. Não queriam isso para eles.

Hoje, não há esse sentimento doméstico em casa, e se precisa atrair as crianças para a escola, com pratos de comida e incentivos estipendiários aos pais. Mas estamos num mundo em desando, melhor do que viver nas ruas, mercê dos atrativos das drogas.

Então, dever-se-ia acabar com os “bombons” políticos viciantes e investir em serviços nas áreas pobres, como saneamento, melhorias habitacionais, saúde e educação sanitária. Adicionalmente, a implantação de centros comunitários, eivados de ensino em tempo integral para as crianças; treinamento profissional para os adultos e agência de colocação da mão de obra qualificada nas empresas.

Assim, todos ganham e o país mais ainda, diferentemente das famigeradas bolsas que é um verdadeiro “revertero”, e todos perdem. (Maceió, Al, 04.10.2024)

 

 

A MÃE NATUREZA

NOS ENSINANDO O CAMINHO DO BEM.

Luiz Ferreira da Silva, 87

Manoel Malheiros Tourinho, 82

A floresta emanando ensinamentos.
 

Nada de recorrer aos padres, pais de Santos, cartomantes, evangélicos, budistas, xiitas ou astrólogos. Aliás, Astronomia é ciência e astrologia é coisa de desocupado querendo ganhar dinheiro dos abestados.

É a mãe natureza que vai nos dar régua e compasso para gerenciar o mundo, sem destrui-lo, seguindo o lema USAR SEM DEPREDAR.

Então vamos lá. Ela vai nos ensinar sem cobrar dízimos. Primeiro, coloquemos uma mochila nas costas e adentremos a floresta amazônica lá para as bandas do Xingu.

Paremos numa bela castanheira e, numa linguagem “fito telepática”, escutemos o que ela tem a nos ensinar.

- Sua copa apara as águas, amortecendo a força energética, evitando erodir o solo.

- As bromélias que se agarram ao seu frondoso caule, formam um meio de cultura para diversos micro-organismos que vão trabalhar em funções especificas.

- As parceiras, ao seu redor, árvores do mesmo tope, outras mais baixas até chegar aos extratos inferiores, formam uma comunidade de irmãos, vivendo em comensalismo, ajudando-se para a preservação de todos, sobretudo cuidando do solo e da água.

- O sistema amplo de raízes finas a grandes pivotantes se interagem com as bactérias, fungos, nematoides e animais, remexendo o solo e o enriquecendo de nutrientes. Neste contexto a minhoca funciona como um arado, mas sem destruir a capa orgânica, como o do Homem..

- A água se amolda ao terreno suprindo as necessidades das plantas, dos animais e recarregando o lençol freático.

- De repente, surge o uirapuru com seu canto melodioso para encantar as fêmeas, como se fosse um buquê de flores à sua amada. Não tem o sentimento nocivo do “dar ou desce”.

- Um carapanã zune e lhe rouba um pouco de sangue, sem qualquer infecção, pois faz parte do sistema de auto sustentabilidade.

- No oco de uma andiroba, um enxame de abelhas, no seu projeto de polinização, contribuindo para a perpetuação das espécies, em parceria com os belos beija flores que não se cantam de imitar os helicópteros.

Esta resumida descrição fito ecológica já ensina ao Homem sobre solidariedade, trabalhar em mão dupla, preservar-se e aos seus, não destruir a o seu meio e caminhar de mãos dadas no mesmo passo.

Daquele ambiente salutar, continue andar até chegar ao mar. Arreie o matulão e se sente nas areias brancas de quartzo e sinta a brisa do mar salitrado.

Receba a energia do trabalho das ondas e o espumar da limpeza dos sargaços. Lá, além os arrecifes com vida, através do plâncton, provendo as espécies marinhas, observe as gaivotas se refestelando.

Tudo isso, são ensinamentos de humildade, trabalho diuturno e compromisso.

Nessa viagem, em todos os nichos visitados, um outro ensinamento capital, a capacidade de mudar. De repente, muda o seu meio e as espécies vão se selecionando naturalmente, adaptando-se, como é o caso da castanhola, árvore ornamental, que vicejava nos baixios úmidos e teve que migrar para as áreas secas, quando aqueles se inundaram.

Diferentemente, o Homem tem medo da morte, do futuro e da mudança, incapaz de enfrentar, recorrendo aos psicólogos ou ao colo da mamãe.

Entretanto, não é ela quem vai lhe dar guarida, mas a  Mãe Natureza que pode lhe fazer o bem, desde que aprenda os seus ensinamentos e se enturme no seu grupo, espelhando-se ao mesmo tempo no  macaco jupará ou no urubu que, sem irem à escola, plantam, respectivamente, cacau e dendê e vivem felizes e faceiros. (25.09.2024)

 

 

 

 

 

 

 

 

SELEÇÃO CHINFRIM

 

ESQUEMA SUI GENERIS DA SELEÇÃO

Luiz Ferreira da Silva, 87

Na minha infância, no interior nordestino, lembro-me muito bem de uma frase – cachorro de fateira – atribuída às pessoas com ideia fixa ou movidas por uma paixão; muitas vezes causando constrangimentos ou desconforto.

Fateira, era uma mulher com um balaio cheio de fato de porco (vísceras, a exemplo das tripas), vendendo pelas ruas, cujo cheiro forte exalado, inclusive de suas vestes, atraia os cachorros, seguindo-a.

Assistindo aos jogos da seleção, minha cabeça deu um “revertero” e me vi na rua das vassouras assistindo aquela procissão canina.

Dez (10) jogadores correndo atrás de uma bola, sem a organização dos cachorros famintos, que se postavam ordenadamente em fila indiana e não maltratavam a vendedora de fato, diferentemente dos milionários da nossa seleção.

Araraquara, SP, onde nasceu o nosso técnico Dorival Júnior, dista muitos quilômetros de Coruripe e, com certeza, nem sabe o que é “mulher-fateira”, mas telepaticamente a incorporou no seu manual estratégico futebolístico.

E deu no que deu! (11.10.2024).