quinta-feira, 16 de maio de 2024

MEIO AMBIENTE

 O MEIO AMBIENTE, A CUMIEIRA DA NOSSA CASA (I).

Luiz Ferreira da Silva, 87

Engenheiro agrônomo e Escritor; pesquisador aposentado da CEPLAC/BA.

Vamos pegar o exemplo da capital paulista. São 6,2 milhões de veículos mandando para o ar que respiramos, toneladas de gases emanados dos canos de descargas dos veículos impulsionados por energia fóssil, a do petróleo.

O álcool, um amenizador, entra em pouca percentagem. Mas não contribui tanto, inclusive polui com a queima das palhas da cana, além de emitir gases.

Essa mão humana no contexto, não só prejudica a nossa saúde, como altera o nosso céu. Não sei se ao ponto de mudar o clima, mas certamente de bagunçar as correntes de ar, provocar os famosos “abafamentos” e provavelmente alterar as concentrações das quedas pluviométricas.

Fiquemos por aqui, hoje, só nesse parâmetro da ação maléfica do bicho-homem. Deixemos o desmatamento, o esgotamento sanitário e os gases industriais para uma outra apreciação.

Basta para carimbar que a coisa é feia e ultrapassa as pomposas reuniões dos países ricos, no seu “mise en scene” (encenação) ridículo, prometendo metas para jogar para a plateia.

Enquanto eles “palram”, vamos nos juntar aos gaúchos na construção de suas cidades devastadas por fenômenos da natureza, provocados pelo próprio Homem, bem como ajudar às milhares de famílias atingidas.

No momento, vamos reconstruir Porto Alegre e tantas outras cidades menores do RS.

Mas não vamos ficar só nisso e daqui uns 6 meses cair no esquecimento e continuar no mesmo diapasão de dantes. Isso, jamais!

Vamos, isso sim, fincar nas nossas mentes a necessidade urgente de uma NOVA ORDEM AMBIENTAL, pressionando aos nossos governantes incessantemente, ajuizando, inclusive, a ruma de ongs ambientais de discurso curto. (Maceió/AL, 16/05/2.024)

segunda-feira, 13 de maio de 2024

O PARAÍSO DAS ÀGUAS

 

PORTO ALEGRE ALERTA

MACEIÓ, O PARAISO DAS ÁGUAS.

 


                                 LUIZ FERREIR DA SILVA, 87

luizferreira1937@gmail.com

Engenheiro Agrônomo e Escritor, Pesquisador aposentado da CEPLAC. 

Maceió é marcada pela presença de diversos rios, lagoas e lagos que contribuem para a paisagem natural da região. Neste contexto hidrográfico, sobressai o Rio Mundaú que desagua na lagoa do mesmo nome, formando paisagens cênicas ecológicas. A foto mostra a cidade ao fundo vendo o mar abraçar a lagoa, sentindo a necessidade de se “enturmar” com vista à própria sobrevivência.

Trata-se, pois, de uma Cidade privilegiada por sua hidrografia, cujos “nichos” contribuem para a sua beleza natural, além de desempenharem um papel importante na preservação do meio ambiente e no fornecimento de espaços de lazer para os habitantes e visitantes da região.

Três cenários ambientas se destacam no seu entorno:

1.    A mata atlântica erguida sobre os solos de tabuleiros que distava a uns 3 km em linha reta da planície de inundação construída pelo mar;

2.    O mar com seus arrecifes formando praias calmas e caracterizado pela cor de suas águas; e

3.    O complexo lagunar, interagido nesse contexto ambiental, de ictiologia rica, sobressaindo o famoso sururu, molusco bivalve, alimento e provedor de rendas dos pobres da sua margem.

 

*. Pois bem, o que o Homem vem fazendo nesses últimos 50 anos? A expansão urbana destruiu a mata no primeiro patamar e, mais ao fundo, a cana-de-açúcar destruiu grande parte, não respeitando as áreas ribeirinhas e nem a topografia declivosa. Espécies de plantas e de animais extintos, num atentado à mãe Natureza.

*. Por outro lado, falta de esgoto sanitário e a ação do Homem sem educação ambiental, descartando o lixo onde bem lhe aprouver, têm maculado a natureza marinha, poluindo as praias, antes encantadoras. E não esquecer a especulação imobiliária. Um exemplo, a bela praia da Ponta Verde. A ganância imobiliária tomou parte da praia, reduzindo a pista de rolamento com a edificação de prédios a uma distância mínima do mar.  Essa primeira faixa urbana começaria mais adiante, na atual segunda quadra. Assim, a planície arenosa seria alargada e o mar continuaria seu trabalho constante de levar e trazer, de subir e descer, num processo normal ecológico. Ao invés da atual avenida litorânea, estreita e já com tráfego complicado, seria bem espaçosa, com duas pistas de cada lado e um canteiro central arborizado com espécies das restingas. Uma beleza cênica sem igual.

Como o mar resgata tudo aquilo que lhe pertence, não por mandado judicial, mas por decisão da Mãe Natureza, de vez em quando avança e o Homem tenta conter sua força erosiva com imensos blocos de cimentos. Até quando e a que custo?

*. E nesta inconsequência ecossistêmica, as lagoas não escaparam. Uma das paisagens mais bonitas do Nordeste é o complexo lagunar de Alagoas, sobretudo da Capital, Maceió, de influência marinha, não só pela beleza cênica, como pela riqueza e diversidade biológica. Os problemas das lagoas se resumem no assoreamento e na descarga de dejetos (urbanos e industriais), que são efeitos, cujas causas são o desmatamento dos divisores de água contíguos ao espelho d'água, a eliminação da vegetação ciliar e das vertentes dos grandes rios, acarretando modificações no perfil de equilíbrio do manancial hídrico, com diversas consequências ambientais (físicas e biológicas) e poluição advinda do lixo, dos esgotos e dos resíduos industriais.

 

Então, prezado leitor, Maceió se assenta ao nível do mar conectado com as lagoas, onde desenvolveram os bairros de elevado grau social, econômico e cultural – Pajuçara, Ponta Verde, Jatiúca, Mangabeiras – em terrenos antigos das restingas, com lençol freático a poucos metros da superfície.

Essa configuração “eco-geográfica”, a torna vulnerável às alterações do complexo hidrológico, discriminado anteriormente, que, à medida que o Homem agride à Natureza, pode provocar uma catástrofe, pois ela não perdoa àqueles que não respeitam as suas leis.

E, como sabemos, o” bicho-homem” é o único animal capaz de destruir a sua própria espécie, mercê da ganância imediatista e da sua insensibilidade aos apelos da Mãe Natureza.

É importante um lembrete mais, sobretudo às grandes metrópoles, a exemplo de São Paulo. Imagine, por hipótese, ruas contínuas asfaltadas cobrindo uma área de 10.000 km quadrados, sobre a qual cai uma chuva de 100 mm. Ou seja, 1 bilhão de litros que deveriam alimentar os canais hídricos subterrâneos e recarregar os rios, mas seguem um outro caminho, o da destruição. Não haverá “bocas de lobo” e nem piscinões que deem jeito.

E esse outro, presentemente, que continua batendo em nossa cara maceioense, que merece letras maiúsculas:

O MAU EXEMPLO DA “BRASKEM”, UM CRIME ECOLÓGICO SEM PRECEDENTES NO MUNDO, FRUTO DA GANÂNCIA NA EXPLORAÇÃO DESCOMEDIDA DE UM BEM DA NATUREZA, TANTAS VEZES DENUNCIADA PELO DR. ABEL GALINDO, PROFISSIONAL DE RENOME, INCLUINDO A ANUÊNCIA DE ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS, CUJOS DANOS IRREPARÁVEIS AINDA NÃO FORAM REGISTRADOS NA MAGNITUDE DOS PREJUÍZOS FÍSICOS E DA ALMA HUMANA DE MILHARES DE ALAGOANOS.

Retornando à questão central, cabem aos governantes alagoanos uma análise ampla; e já, estabelecendo um programa de cunho sustentável para a Cidade de Maceió (Maceió, AL, 13 de maio de 2.024).

 


quarta-feira, 8 de maio de 2024

A MÃE NATUREZA


 PENSE NISSO!
O Homem é o único animal capaz de causar a própria destruição da sua espécie, mercê da sua ganância imediatista e insensibilidade às leis preservativas da MÃE NATUREZA.

 

A CATÁSTROFE GAÚCHA

E A MÃO IMPEDIOSA DA MÃE NATUREZA

Luiz Ferreira da Silva,87 


Todos estarrecidos com as chuvas no Rio Grande do Sul destruindo tudo pela frente, causando danos físicos e na alma dos seus habitantes.

Temporais constantes, afetando os vales dos rios Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Sinos, Gravataí. Além do Guaíba, em Porto Alegre, deixando mais de 80 mortos, uma centena de desaparecidos e danos em casas, estradas, pontes.

Havia uma Natureza provendo ao Homem, exigindo apenas sua interação com o ambiente fito-ecológico, ademais do mote: usar sem depredar. De outra forma, ela não se responsabilizaria com as consequências, alertando: quem transgredir as minhas leis será cobrado mais tarde.

No meio rural, a derrubada da vegetação das ribeiras dos rios, evita a erosão de suas margens e até contribui com a riqueza ictiológica. Nas Cidades, as obras que tamponam e compactam o solo, as edificações em áreas declivosas, as barreiras verticais, os esgotos contaminantes, as árvores plantadas inadequadamente no meio urbano, são agressões.

A chuva é um presente de Deus. Fator fundamental da vida. Mas o Homem, no seu imediatismo e individualismo, também influi negativamente nos seus ciclos, anteriormente bem definidos, provocando distúrbios de toda sorte.

Exemplifico aos prezados leitores para melhor elucidação:

*. No ambiente natural, a chuva é uma dádiva; sempre benvinda. Ela, ao cair, é amortecida pelas árvores, evitando que a sua energia destrua o solo, causando erosão. Imediatamente, as águas vão se amoldando ao terreno, procurando o seu caminho para chegar ao leito do rio, sem antes ir recarregando os depósitos subterrâneos. Nesse seu trajeto, vai molhando as raízes das plantas, solubilizando os nutrientes (alimentos dos vegetais e microrganismos) e matando a sede dos animais. Depois, transforma-se em “fumaça” e volta a formar nuvens, fechando o ciclo biológico.

*. Diferentemente, uma chuva que cai numa Cidade, cujo Natureza foi alterada, é sempre motivo de preocupação. A ação do homem sem a devida atenção às características do solo e aspectos físico-hídricos repercute no bem-estar da população, desde um simples alagamento à queda de barreiras com danos irreparáveis, como está acontecendo presentemente com os irmãos do Sul.

Dessa forma, além de se ajuizar o Homem, de modo geral, quanto à educação ambiental, é também importante que os Engenheiros aprendam a construir obras que atendam aos ensinamentos da Mestra Natureza.

Portanto, pela má intervenção do homem, cada vez mais se agrava o problema da água, não só neste aspecto catastrófico, mas para próprio consumo humano, como também para uso industrial e, principalmente, para utilização na agricultura (irrigação), antevendo-se carência ou grande dispêndio no tratamento desse importante recurso no próximo milênio. (Maceió/AL, 07-05-2.024).

 

 

 

 

terça-feira, 30 de abril de 2024




O MANJAR DOS DEUSES

PARA A MESA DOS RICOS.

Luiz Ferreira da Silva, 87

Luizferreira1937@gmail.com

 

                                  (De sol a sol/roça de cacau); suor e pouco "dindim")

            

                                (Indústria na Suíça; sombra e muitos euros)

A cacauicultura baiana sempre viveu em crises e os produtores recorrendo aos bancos para saldar suas dívidas, por diversos motivos, incluindo preços ditados por agentes internacionais, sem que possam dar um pio, quando são eles os protagonistas principais.

No entanto, nunca se soube de uma crise nas indústrias chocolateiras lá dos países maravilhas, ricos e gestores dos produtos agrícolas produzidos pelos países pobres. A Mars, a Nestlé, a Cadbury e tantas outras sempre faturaram sem quaisquer óbices.

Então, prezado leitor, concluo: “CULTIVO PRODUZIDO POR POBRES PARA OS RICOS SE REFASTELAREM”, NÃO É UMA BOA LABUTA AGRÍCOLA”. Desequilíbrio com a gangorra sempre pesada para os produtores.

Enquanto isso, os suíços e belgas que jamais viram um pé de cacau, enchem os bolsos de euros com o suor dos morenos peões sul baianos . E os nossos ricos ainda contribuem com a aquisição de chocolates finos alienígenas.

Como alterar essa equação tão cruel para quem produz?

Em 1970, estive em Chigorodó, Colômbia, que estava implantando um polo cacaueiro, visando suprir o se déficit de consumo. O país produzia 15.000 toneladas e importava outras tantas para satisfazer a sua demanda.

Mas não se comia chocolate, porém se bebia chocolate. Eu disse chocolate, ou seja, xícaras com “suco” de sustança, e não toddy ou achocolatado que, de cacau, só tem o cheiro.

Então, Brasil Varonil, vamos beber chocolate, iniciando um projeto estratégico de consumo interno, na expectativa de, em 10 anos, mudar a atual matriz de comercialização do cacau.

Inicialmente, ações do governo via CONAB, abastecendo as merendas escolares; as rações das forças armadas; as repartições públicas. Em consonância, campanhas de estímulos ao consumo da bebida e incentivos às fabriquetas de chocolate com cacau produzido no país, mesclando as amêndoas baianas com as da Amazônia, aproveitando algumas características diferenciais. Jamais importação para “blended”.

E dessa maneira, os produtores iriam se organizando comercialmente através de cooperativas ou grupos associativos, passando de simples figurantes, como dantes, à condição de atores principais; artistas, de fato e não “bandidos”, como os das fitas de meus tempos do cine-ideal, 1950. (Maceió, 27.04.2024).








quinta-feira, 25 de abril de 2024

IDOSO, IDADE, CAPACITAÇÃO.



 IDADE SEM CARTEIRA DE IDENTIDADE

 Luiz Ferreira da Silva, 87


 É coisa da nossa sociedade carimbar as pessoas, geralmente botando-as para baixo, por um atributo físico ou pela sua idade. A altura, por exemplo, é um atributo que eleva ou abaixa alguém. Admirados, os chamados “catarinas”, fuzileiro navais nascidos em Santa Catarina, pelo porte de mais de 1,80 m. Na outra ponta, os sacaneados como “baixinhos”, aqueles de menos de 1,60 m, maiormente nordestinos e nortistas. 

Ruy Barbosa que era baixinho, possivelmente revoltado pela alcunha, dizia que o homem se mede do pescoço para cima, externando a sua condição de baiano inteligentíssimo. 

Por outro lado, todo idoso é tido como decrépito, haja vista, por exemplo, as placas que indicam estacionamento privativo, caracterizadas por uma imagem caricata de bengala. 

Feito esse prólogo, chamo ao leitor para reflexionar sobre a questão da idade que, muitas vezes, pode ser um fator depressivo ou de revolta, em razão da má avaliação de instituições sociais, familiares e mais gente por esse mundo de pouco pensar. 

O prezado leitor tem 59 anos e se sente jovial e sem preocupação com a idade. De repente vira a folhinha e cai na faixa dos idosos, 60 anos, instituída pela sociedade, com novas regras. O plano de saúde o define de peso morto, causador de prejuízos, aumentando sua faixa de contribuição ao limite máximo. Isso, além do baque no bolso, pode gerar uma crise de idade, quando. muitos não se atentam para o fato da proximidade da velhice e passam a brigar contra ela, comportando-se como se fossem ainda jovens e refutando a mudança iminente. 

As academias estão cheias deles, na luta exibicionista de músculos rígidos, bem como as chamadas casas de produtos naturais, na procura de “detoxs” e outras misturebas, na ilusão de ludibriar o relógio da vida que continua a girar. O pior de tudo é que pode afetar a mente, desequilibrando corpo-alma, sem saber se alocar, alternando um estado de euforia com sinais depressivos. 

Isso porque esse jovem idoso de 60 alterna se igualar aos de 50, exibindo fortaleza e, em outro momento, amofinar-se à faixa dos de 70. Nenhuma coisa e nem outra. Mas retardar o peso da idade, de modo a atingir as demais faixas com bem-estar e produtivo, procrastinando os anos de vida salutar. 

Por outro lado, há uma ideia muito errada em limitar exageradamente o idoso, sobretudo a partir dos 70, focando na sua carteira de identidade. Como exemplo, a partir daí, a renovação da CNH se reduz a 3 anos. Ora, anos vividos podem não significar decrepitude. Conheço idosos de menos de 75 anos com estado físico-emocional sem condições de dirigir um carro, bem como outros de mais 85 anos sem quaisquer restrições à prática automotiva. 

Esse fato merece certa reflexão. Deve ser muito triste uma pessoa se sentir limitado, seja na dificuldade de se locomover ou se autodeterminar, mesmo tendo uma idade relativamente precoce. É um baque tremendo, assim creio, afetando não só sua qualidade de vida, mas perdendo a razão de viver, só enxergando o seu fim, sem visão futura. 

Diferentemente, um idoso com bem mais idade, que conseguiu chegar a esse patamar sem limitações drásticas, podendo se locomover sem bengala, interpretar textos, discutir as coisas do mundo que busca se antenar cotidianamente, enxerga a vida com pensamentos positivos e não sente a morte chegar, por mais velho que seja. Está sempre cheio de vida. 

Dessa forma, não é correto que se defina a capacitação de um idoso, simplesmente pelos dígitos contidos em sua carteira de identidade, mas pelo seu estado vital. Ele tem que ser o que pode ser e não o que outros acham. Então, meus prezados leitores. 

A partir dos 60, adaptar-se a um novo estilo de vida, com vistas a ultrapassar outros decênios sem os traumas e focando na vida, prolongando o seu tempo de utilidade. Procrastinar, sempre e fazer o relógio da vida continuar com seus ponteiros girando, também sempre. (Maceió, AL, 23/04/202).

sexta-feira, 19 de abril de 2024

PRAIAS SELVAGENS

 

A MINHA PRAIA

Luiz Ferreira da Silva, 87

 

 

Tenho uma identidade muito grande com o mar. Nasci em Coruripe de praias lindíssimas. Vim morar em Maceió e cresci me deleitando com a beleza da praia da avenida. Fui para o Rio de Janeiro e tomei muitos banhos na praia de Itacuruçá. Conclui meu curso de agronomia na UFRRJ e fui prestar serviços no Sul da Bahia, usufruindo das águas límpidas do mar de Ilhéus. Aposentado, voltei à terra dotada de uma orla sem igual, tanto na capital, quanto no litoral de norte a sul.

Então: 

*. Sou do tempo das praias sem calçadão, sem semáforo e sem luzes de led.

*. Sou do tempo das praias com ouriços, areias brancas e salsas para se brincar de “saltar corda”.

*. Sou do tempo do “pegar jacaré”, pular dos trapiches e descer das dunas em palhas de coqueiros.

*. Sou do tempo de olhar o céu estreado, comer peixe frito e buscar castanhas.

*. Sou do tempo de pegar siris com jereré, guaiamuns nas restingas com latas de óleo e comer guajurus.

*. Sou do tempo do banho morno das tardes, emanando saúde salitrada, sem plásticos boiando e nem garrafas pet.

*. Sou do tempo do caminhar rés aos mangues, ouvindo o barulho dos aratus nas árvores, os caranguejos peludos se enlameando e as aves se alimentando das piabinhas.

*. Sou do tempo de se ouvir o ronco do mar, do apanhar conchinhas e do se escaldar sob o sol inclemente.

*. Sou do tempo dos vendedores de bolo em fatias, dos pés de moleques nas folhas de banana e beijus chapéu de coro.

Enfim, como vês, caro leitor, não existe mais a minha praia! (Maceió, 19.04.2024).